A RAPOSA  E O PORCO-ESPINHO

 

Você é um porco-espinho ou uma raposa?   A raposa sabe muitas coisas, mas o porco-espinho sabe uma coisa muito importante.  A raposa é um animal astuto, capaz de vislumbrar uma miríade de estratégias complexas para atacar de surpresa o porco-espinho, à espera do momento oportuno para atacá-lo.  Rápida, traiçoeira, bela, agitada e manhosa, a raposa parece ter tudo para vencer. O porco-espinho, por sua vez, é desajeitado, anda por aí balançando o corpo, vivendo sua vidinha simples, correndo atrás do almoço e cuidando da casa.

 

A raposa aguarda, em silêncio calculado, no cruzamento do caminho. O porco-espinho distraído, pensando na própria  vida, cai direto no caminho da raposa. “A-há, agora te peguei!”, pensa a raposa. E salta, arremetendo contra o solo, movendo-se com grande rapidez.  O pequeno porco-espinho, percebendo o perigo, olha e pensa: “ E lá vamos nós de novo. Será que ela nunca vai aprender?”   Enrolando-se todo, como uma bola perfeita, o porco-espinho se transforma numa esfera de pontas afiadas, apontadas em todas as direções. A raposa, pulando sobre a presa, vê a defesa do porco-espinho e interrompe o ataque. Recua para a floresta e começa a planejar uma nova linha de ataque.  Todos os dias há uma nova versão dessa batalha e, apesar da grande astúcia da raposa, o porco-espinho sempre vence.

 

A partir dessa pequena fábula,   Isaiah Berlin dividiu as pessoas em dois grandes grupos básicos: as raposas e os porcos-espinhos.   As raposas atacam em várias frentes de uma vez e veem o mundo em toda a sua complexidade.  Elas se espalham ou se dispersam e se movem em muitos níveis e nunca integram seu pensamento num conceito geral ou visão unificadora. Os porcos-espinhos, por sua vez, simplificam um mundo complexo e o transformam numa única ideia organizadora, um princípio básico ou um conceito que unifica e orienta tudo. Não importa o grau de complexidade do mundo, um porco-espinho reduz todos os desafios e dilemas a simples ideias de porco-espinho. 

 

O professor Marvin Bressler, de Princeton, destacou o poder do porco-espinho dizendo que o que separa aqueles que causam maior impacto de todos os outros igualmente brilhantes é que  os primeiros  são porcos-espinhos.  Alguns exemplos: Freud e o inconsciente; Darwin e a seleção natural das espécies;  Marx e as lutas de classe;  Einstein e a relatividade; Adam Smith e a divisão do trabalho.

 

O conceito de porco-espinho não é o de uma meta para ser o melhor, uma estratégia para ser o melhor, uma intenção de ser o melhor, um plano para ser o melhor. É uma compreensão das atividades nas quais se pode ser o melhor. É uma compreensão das atividades nas quais se pode ser o melhor. Essa distinção é absolutamente fundamental.

 

Quando você capta corretamente o seu conceito do porco-espinho, ele possui o tom silencioso da verdade – como uma nota perfeitamente dedilhada, clara e isolada  que paira no ar no silêncio absoluto de um auditório repleto, ao final de um movimento calmo de um concerto de Mozart para piano.

 

As pessoas porco-espinho são criaturas simples que sabem   “uma grande coisa”  e não a ignora.  As pessoas raposas são criaturas ladinas, cheias de truque, que sabem diversas coisas, mas a quem falta consistência.

 

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A liberdade é só uma parte da história e metade da verdade... É por isso que recomendo que a Estátua da Liberdade, na costa leste, seja suplantada por uma Estátua da Responsabilidade, na costa oeste.

 

Viktor E. Frankl  - Man’s   Search for Meaning

 

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