O FRANGOTE VAIDOSO
Dois frangotes brigavam num monte de esterco. Um era mais forte, venceu o outro e o arrastou para fora dali. As galinhas se reuniram todas em volta do frangote e começaram a aplaudir.
O frangote então quis que no quintal vizinho soubessem da sua força e da sua glória. Voou até o topo do celeiro, bateu as asas e cacarejou bem alto: “ Olhem para mim, todos vocês. Sou um frangote vitorioso. Não há no mundo frangote mais forte do que eu”.
O frangote ainda não havia terminado quando uma águia o matou com suas garras e o levou para o ninho.
LEON TOLSTÓI. 1828-1910
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Entre as coisas que a um homem nobre parece difícil de compreender encontra-se certamente a vaidade do fraco, do chandala, do ser medíocre. Para ele é um verdadeiro problema aquele de imaginar homens que preocupam-se em provocar nos outros uma boa opinião de si mesmo, que esses por si mesmos não têm – e, por consequência, não merecem – e que afinal acabam por acreditar naquela falsa boa opinião dos outros, concebida por ele.
O forte considera tudo isso de tão mau gosto, tão extravagantemente irracional, que se sente com vontade de considerar a vaidade como anomalia e que ela exista na maior parte das pessoas que corresponde ao ser medíocre.
A vaidade normal do ser nobre, de moral elevada, do forte, do excelente se dá nos termos em que este tipo de ser considera que pode ter muitas boas razões para ter bom conceito, em que outros o têm, porque sente respeito por eles, porque os admira e se alegra ao ver os outros satisfeitos ao seu respeito, porque o bom conceito que têm reforça e confirma os valores que valoriza, porque o bom conceito dos outros mesmo quando não compartilhado, pode lhe ser útil, MAS isso está muito longe da vaidade do medíocre.
Com o apoio da história, de tempos imemoriais, em todas as classes de povo, dependentes de um modo ou de outro, o homem vulgar sempre foi apenas aquilo que mostra a aparência.
Não sendo habituados estabelecer os valores por si mesmo, este nunca atribuiu a si outro mérito além dos que lhe foram destinados pelos próprios senhores de quem eram escravos.
O homem vulgar escuta sempre a opinião dos outros a seu respeito e se acomoda instintivamente à mesma, e não sobretudo à “boa” opinião, mas também a má e injusta. E de fato segundo o lento acumular de uma série de coisas democráticas, e de sua causa, o cruzamento de raças senhoriais e servis, o impulso, originariamente aristocrático e raro de atribuir a si mesmo valor próprio e “pensar bem” acerca de si mesmo com base em valores adquiridos no esforço do aprimoramento cultural próprio, que faz naturalmente o ser excelente sentir-se encorajado a se expandir, terá contra si seres com uma inclinação mais inveterada, mais difusa e nata, que corresponde à vaidade dos medíocres, dos chandalas, dos seguidores do Novo testamento.
O homem medíocre vaidoso aprecia todo juízo favorável expresso a seu respeito, e isto independentemente do ponto de vista da utilidade e da verdade ou falsidade daquele emissor do juízo; do mesmo modo que sofre com todo juízo desfavorável, uma vez que se submete aos dois, sente-se submetido a eles devido àquele antiquíssimo instinto da sujeição à opinião alheia, que sempre reaparece indefectível.
Há o escravo no sangue do homem com a vaidade do ser medíocre, um resíduo de astúcia servil e isto faz com que se procure seduzir os outros para ser estimado, o mesmo escravo que subitamente cai genufletido diante da opinião alheia, por ele mesmo provocada
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O valor de uma coisa às vezes não está no que se consegue com ela, mas no que se paga por ela - o que ela nos custa.
Nietzsche
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O sucesso prega peças estranhas na mente. faz você se sentir invulnerável, deixando-o ao mesmo tempo mais hostil e sensível às pessoas que lhe desafiam. A sua capacidade de se adaptar às circunstâncias diminui. Você começa a achar que o seu caráter é o responsável pelo seu sucesso, mais do que as suas técnicas de estratégia e planejamento. Contudo, o momento de triunfo é também aquele em que deve confiar ainda mais na astúcia e na estratégia, consolidando o conseguido, reconhecendo o papel do acaso e das circunstâncias no seu sucesso e permanecendo aos reveses da sorte. É na vitória que você precisa ficar mais atento do que nunca ! Napoleão teve que ser derrotado para aprender isso.
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O momento mais perigoso é o da vitória.
Napoleão Bonaparte, 1769 - 1821
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NA VITÓRIA, APRENDA A PARAR
O momento da vitória é quase sempre o mais perigoso. No calor da vitória, a arrogância e o excesso de confiança podem fazer você avançar além da meta e, ao ir longe demais, você conquista mais inimigos do que derrota. Não deixe o sucesso subir a cabeça. Nada substitui a estratégia e o planejamento cuidadoso. Fixe a meta e, ao alcança-la, pare.
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Texto adaptado de livro dos autores
Robert Greene e Joost Elffers
Friedrich Wilhelm Nietzsche