A TARTARUGA, O ELEFANTE E O HIPOPÓTAMO
Um dia, a tartaruga encontrou o elefante que trombeteou, “Sai do meu caminho, sua fracota – posso pisar em você!” A tartaruga não teve medo e continuou onde estava, então o elefante pisou nela, mas não conseguiu esmagá-la. “Não se vanglorie, senhor Elefante, sou tão forte quanto o senhor!”, disse a tartaruga, mas o elefante riu. Então a tartaruga convidou-o para ir até a sua montanha na manhã seguinte.
No dia seguinte, antes de o sol nascer, a tartaruga desceu correndo a montanha até o rio, onde encontrou o hipopótamo que ia para a água depois da sua refeição noturna. “Senhor hipo! Vamos brincar de cabo de guerra? Aposto que sou tão forte quanto o senhor!”, disse a tartaruga. O hipopótamo riu dessa ideia ridícula, mas concordou.
A tartaruga trouxe uma corda comprida e disse ao hipopótamo para segurá-la com a boca até ela gritar “Ei!” Aí a tartaruga correu para cima do morro onde encontrou o elefante, que já estava impaciente. Ela lhe deu a outra ponta da corda e disse, “Quando eu disser “Ei!”, puxe, e verá quem de nós é o mais forte”. Depois desceu metade do morro, até um lugar onde não pudesse ser vista, e gritou “Ei!”. O elefante e o hipopótamo puxaram e puxaram, mas um não conseguia mover o outro do lugar – suas forças eram iguais. Ambos concordaram que a tartaruga era ao forte quanto eles.
MORAL
A tartaruga deixou que os outros trabalhassem por ela e ficou com o crédito. Às vezes, é melhor deixar para os outros aquilo que eles podem fazer melhor do que você, PORÉM, às vezes NÃO.
Fábula do Zaire.
INTERPRETAÇÃO
A dinâmica do mundo do poder é a da selva: há os que vivem caçando e matando e há também um vasto número de criaturas ( hienas, abutres) que vivem do que os outros caçam. Estes últimos, tipos menos imaginativos para criarem por si mesmos, compreendem desde cedo que se esperarem bastante sempre encontrarão outro animal para trabalhar por eles. Não seja ingênuo: agora mesmo, enquanto você se esforça em algum projeto, existem abutres ao redor tentando imaginar um jeito de sobreviver e até prosperar com a sua criatividade.
Vejamos um caso real:
Muitos alimentam a ilusão de que a ciência, por lidar com fatos, está acima de rivalidades mesquinhas que atrapalham o resto do mundo. Nikola Tesla foi um deles. Ele acreditava que a ciência nada tinha a ver com a política e dizia não se preocupar com a fama ou a riqueza. Mais velho, entretanto, isto arruinou o seu trabalho científico. Sem estar associado a nenhuma de suas descobertas, ele não pode atrair investidores para suas muitas ideias. Enquanto ele ficava imaginando grandes invenções para o futuro, outros roubavam as patentes que ele já havia desenvolvido e ficavam com a glória. Ele queria fazer tudo sozinho, mas só conseguiu se exaurir e empobrecer.
A LEI TRANSGREDIDA POR NIKOLA TESLA E OBSERVADA POR SEUS APROVEITADORES
Em 1883, um jovem cientista sérvio chamado Nikola Tesla estava trabalhando para a divisão europeia da Continental Edison Company. Ele era um brilhante inventor e Charles Batchelor, gerente da fábrica e amigo pessoal de Thomas Edison, convenceu-o a tentar a sorte na América, dando-lhe uma carta de recomendação para o próprio Edison. Assim teve início uma vida de desgostos e tribulações que duraram até a sua morte.
Quando Testa se encontrou com Edison em Nova York, o famoso inventor o contratou na hora. Tesla trabalhava dezoito horas por dia, descobrindo maneiras de melhorar dínamos primitivos de Edison. Acabou se oferecendo para desenhar tudo de novo. Para Edison parecia uam tarefa monumental que poderia levar anos sem que se chegasse a uma conclusão, mas ele falou para Tesla: “Você tem 50 mil dólares para fazer isso – se conseguir”. Tesla trabalhou dia e noite e já em uma ano apresentou uma versão bem melhorada do dínamo, completa, com controles automáticos. Ele foi contar a novidade para Edison e receber os seus 50 mil dólares. Edison gostou das melhorias, pelas quais ele e a sua empresa ficariam com o crédito, mas quanto ao dinheiro ele disse ao jovem sérvio: “Tesla, você não compreende o nosso humor americano!”, e ofereceu em vez disso um pequeno aumento.
A obscessão de Testa era criar um sistema de corrente alternada (AC) de eletricidade. Edison acreditava no sistema de corrente contínua (DC) e não só recusou a apoiar a pesquisa de Tesla como mais tarde fez o possível para sabotá-lo. Tesla voltou-se para o grande magnata de Pittsburgh, George Westinghouse, que tinha aberto a sua própria empresa de eletricidade. Westinghouse custeou totalmente a pesquisa de Tesla e lhe ofereceu um acordo generoso de direitos autorais baseado em lucros futuros. O sistema AC que Tesla desenvolveu ainda é o padrão usado hoje em dia – mas, depois de registrar as patentes em seu nome, outros cientistas se apresentaram reivindicando o crédito da invenção, alegando terem feito o trabalho inicial para ele.
Seu nome se perdeu na confusão, e o público passou a associar a invenção ao próprio Westinghouse.
Um ano depois, Westinghouse perdeu o controle da empresa para J.Pierpont Morgan que o fez rescindir o generoso contrato de direitos autorais que tinha assinado com Tesla. Westinghouse explicou ao cientista que a sua empresa não sobreviveria se tivesse que lhe pagar direitos autorais plenos; ele convenceu Tesla a aceiat a compra de suas patentes por 216 mil dólares – uma grande quantia, sem dúvida, porém muito menor do que os 12 milhões que valiam na época. Os financistas tinham despojado Tesla do dinheiro, das patentes e essencialmente, do crédito pela maior invenção da sua carreira.
O nome de Guglielmo Marconi ficou para sempre associado à invenção do rádio. Mas poucos sabem que para produzir a sua invenção – ele enviou um sinal através do Canal da Mancha, em 1899 – Marconi usou uma patente que Tesla havia registrado em 1897 e que seu trabalho dependeu da pesquisa de Tesla. Mais uma vez, tesla não recebeu nenhum dinheiro e nem crédito. Tesla inventou um motor à indução, assim como o sistema de energia AC e ele é o verdadeiro “pai do rádio”. Mas nenhuma dessas descobertas traz o seu nome. Já velho, ele viveu na pobreza.
Tesla queria fazer tudo sozinho, mas só conseguiu se exaurir e empobrecer. Edison era o oposto de Tesla. Ele não era propriamente um grande pensador científico ou inventor; certa vez disse que não precisava ser um matemático porque podia contratar um. Esse era o principal método de Edison. Tanto naquela época quanto hoje, existem muitas pessoas apenas voltadas para identificar as tendências e oportunidades onde elas estivessem e depois contratar os melhores da área para trabalhar para eles, sem ficarem com a fama do que realizaram.
+++
Certamente, se o caçador confia na segurança do seu carro, usa as pernas dos seus cavalos e faz Wang Liang segurar as rédeas, então ele não se cansa e acha fácil pegar animais ligeiros.
Agora, suponha que ele despreze as vantagens do carro, desista das pernas úteis dos cavalos e da habilidade de Wang Liang e desça para correr atrás dos animais, então, mesmo que suas pernas sejam tão rápidas quanto as de Lou Chi, ele não chegaria a tempo para pegar os animais. De fato, quando se usa bons cavalos e bosn carros, bastam simples criados para pegar os animais.
HAN-FEI-TZU
Filósofo Chinês do século 3 a.C.
+++
O explorador Vasco Núnez de Balboa tinha uma obsessão – a descoberta do El Dorado, uma cidade lendária de grandes riquezas. No início do século XVI, depois de inúmeras dificuldades e vários esbarrões com a morte, ele encontrou evidências de uma grande e rico império no sual do México, no atual peru. Conquistando esse império, o Inca, e roubando o seu ouro, ele tornar-se-ia o segundo Cortez. O problema é que assim que descobriu isso, a notícia se espalhou entre centenas de outros conquistadores. Ele não sabia que metade do jogo era ficar quieto e observar atentamente ao redor. Poucos anos depois de descobrir o local do império Inca, um soldado do seu próprio exército, Francisco Pizarro, ajudou para que ele fosse decapitado por traição. Pizarro se apossou do que Balboa tinha passado tantos anos tentando encontrar.
+++
O ABUTRE
De todas as criaturas da selva, ele é o que tem a vida mais fácil. O trabalho difícil dos outros é o seu trabalho; o fracasso dos outros em sobreviver se torna o seu alimento. Fique de olho no Abutre – enquanto você está se esforçando, ele sobrevoa. Não lute contra ele, mas fique atento com ele.
+++
O outro polo é o do artista Rubens, que, no final da carreira, se viu inundado de pedidos de quadros. Ele criou um sistema: no seu grande estúdio ele empregava dezenas de grandes pintores. Ele criou uam vasta linha de produção em que um grande número de telas eram feitas ao mesmo tempo.
Quando um cliente importante o visitava no estúdio, Rubens afastava os seus pintores contratados. Enquanto o cliente ficava observando de um balcão, Rubens trabalhava num ritmo incrível, com inacreditável energia. O cliente saía maravilhado com este homem prodigioso, capaz de pintar tantas obras de arte em tão pouco tempo.
+++
A GALINHA CEGA
Uma galinha que ficou cega e já estava acostumada a ciscar o chão à procura de alimento, apesar de não enxergar continuava ciscando ativamente. Outra galinha de boa visão, que poupava seus pés delicados, não saía do seu lado e se aproveitava, sem ciscar, do resultado do seu trabalho. Pois sempre que a galinha cega ciscava um grão de centeio a companheira atenta o devorava.
GOTTHOLD LESSING, 1729-1781
+++
Existe uma outra aplicação desta lei que não exige que você explore o trabalho dos seus contemporâneos, refiro-me ao uso do vasto arsenal de conhecimento e sabedoria do passado. Isaac Newton chamou isso de “subir nos ombros de gigantes”. Ele queria dizer que, ao fazer suas descobertas, ele tinha se baseado em descobertas alheias anteriores. A grande parte da sua aura de gênio, ele sabia, podia ser atribuída à sua sagaz habilidade para aproveitar ao máximo as visões dos cientistas da antiguidade, medievais ou renascentistas.
Shakespeare pediu emprestado enredos, caracterizações e até diálogos de Plutarco, entre outros autores. Quantos outros autores depois, por sua vez, não tomaram emprestado – plagiaram – de Shakespeare?
Nós sabemos como é raro os políticos atualmente escreverem os seus próprios discursos. Suas próprias palavras não lhes conquistaria um só voto; sua eloquência e sagacidade, se Lea existe, se deve a um redator de discursos. Este é um exemplo típico de uns fazerem o trabalho e outro levar a fama.
CONCLUSÃO
Esta é a essência da Lei: Há situações em que você precisa fazer com que os outros trabalhem por você. Nesses casos, ainda parecerá que você tem energia e poder divinos!! Se você acha importante fazer sempre todo o trabalho sozinho, fique certo de que não irá muito longe e poderá sofrer o destino dos Balboa, Tesla e muitos outros da vida.
+++
“Os tolos dizem que aprendem pela experiência. Eu prefiro aproveitar a experiência dos outros”
Otto Von Bismark, 1815 - 1898