O GRÃO DE MOSTARDA E O FERMENTO

 

O reino dos céus é semelhante a um grão de mostarda que um homem tomou e lançou no seu campo.  Esse grão é, na verdade, a menor de todas as sementes, mas depois de crescida é a maior das hortaliças, e se faz árvore, de tal modo que as aves vêm fazer ninho em seus ramos."

"O reino dos céus é semelhante ao fermento que uma mulher tomou e escondeu em três medidas de farinha, até que ficasse levedada toda a massa.” ( Mat., 13:31-33 )

 

Em ambas parábolas, o reino dos céus é comparado aos fenômenos do crescimento e da expansão.

 

O grão de mostarda, tomado como símbolo na primeira, é, de fato, uma semente minúscula; mas, uma vez lançada à terra, auxiliada pela humidade, germina, deita raízes, através das quais assimila os elementos de que necessita; projeta-se então para o ar livre e já agora, aos bafejos da luz e do calor solar, ramifica-se o seu caule, emite folhas, vai-se desenvolvendo mais e mais, até que reproduz a planta de onde proveio, tornando-se a maior das hortaliças, em cuja ramagem as aves podem pousar e até fazer os seus ninhos.

 

Assim acontece com a implantação do reino dos céus na alma humana. Seja por indiferença religiosa ou outras razões quaisquer, leva algum tempo para que ela adquira condições de receptividade favoráveis a tal evento. Mas, sentido que seja esse avivamento interior, com a assimilação do Evangelho em espírito e verdade, um incoercível impulso de ascensão  marca-lhe novos rumos à existência.

 

Embora presa ás inibições do erro e da imperfeição, vislumbra nos altos cimos as esferas resplandescentes e gloriosas onde outras almas, mais evolutivas, gozam a plenitude da felicidade e essa visão encoraja-a, empolga-a, dando-lhe forças para trabalhar, sem esmorecimento, no próprio crescimento.

 

O estudo e a pesquisa dilatam-lhe os horizontes de percepção; adquire uma fé viva e inabalável porque baseada no conhecimento; expande-se sua consciência espiritual; o esforço e a boa vontade levam-na às mais esplêndidas realizações no campo do Bem; e assim, num aperfeiçoamento diuturno, vem a constituir-se um ponto de apoio a outras criaturas que dela se acercam, sequiosas de ajuda e refrigério para os seus males, como as aves buscam repouso na sombra amena e acolhedora do arvoredo.

 

Dia virá em que, de expansão em expansão, chegará a igualar-se ao divino modelo, tornando-se, então, uma alma cristianizada.

 

O fermento, a que se referiu o mestre na segunda das parábolas em análise, colocado, igualmente, em pequena porção na massa de farinha, faz que, depois de algum tempo, toda ela fique levedada, determinando-lhe o crescimento, sem que o pão se tornaria pesado, indigesto e, portanto, impróprio para o consumo, pelas fermentações e perigosos males que produziria no organismo.

 

O Entendimento Espiritual, semelhantemente, produz profunda e substancial modificação sobre todos os elementos da alma humana, transformando-os em preciosos fautores da Evolução.

 

Fá-la compreender que uma estreita solidariedade nos liga uns aos outros, que é ilusório querer-se avançar sozinho, pois o que não beneficia a todos não beneficia realmente a ninguém.

 

Sem ele, porém, enceguecida pelos egoísmos pessoais, de classes e de raças, a Humanidade, desvirtuando o uso dos conhecimentos que possui, poderá resvalar para o abismo e para o caos, na mais terrível  hecatombe .

 

Ainda que eu penetrasse todos os mistérios e tivesse perfeita ciência de todas as coisas, se não tiver caridade, nada sou” – disse S. Paulo."

( I Cor., 13:2 )

 

Busquemos, pois, a Sabedoria, porquanto toda ciência é útil, mas busquemos em primeiro lugar aquilo que nos possibilite ajudar e servir ao próximo.   Assim fazendo, estaremos edificando, desde já, o reino dos céus em nossas almas.

 

Fonte: Parábolas Evangélicas  -  Rodolfo Calligaris