O   CRISTÃO  E  O  ESPÍRITA COMO  EXPRESSÕES  MÁXIMAS  DA DECADÊNCIA

 

O homem vulgar acredita – inconsideradamente – inúmeras  entidades psicológicas – dando-lhes personalidade -  como causas  para  interpretação  dos  diversos  fatos sociais e da natureza a exemplo de: que o espírito é a causa do pensamento;  a alma, a causa do sentimento.  Os estados que lhe pareciam estranhos, arrebatadores, apaixonantes, eram considerados obsessões, encantamentos provocados pelo poder de alguém.

 

É assim que o cristão e o cristão-espírita -  as mais ingênuas e atrasadas categorias humanas -  condicionam a esperança, a tranquilidade, o sentimento de “redenção”, à uma inspiração psicológica de Deus.  Concretizam  o estado da alma em uma única pessoa, e pretendem que, quando se nos manifesta, é por influência dessa pessoa. Em outras palavras: na formação psicológica de Deus, um estado, para ser efeito de alguma coisa, é personificado.

 

Essa lógica psicológica diz assim: o sentimento de altivez, de força, de potência, quando subitamente se apossa do homem e o subjuga desperta dúvida quanto à capacidade da pessoa: o cristão e o cristão-espírita  não ousam imaginar que são causas desses sentimentos ( se ousar é “pecado”) e, no lugar da natureza, imaginam e atribuem tais sentimentos a uma personalidade mais forte, uma divindade que o substitui. Os estados de força inspiram no homem vulgar a sensação de que ele é independente da causa, que é irresponsável ( sobrevêem sem serem desejados , logo não são os autores ).

 

A proporção que tudo quanto é grande e forte foi sendo considerado sobre-humano e estranho pelo homem, este foi se amesquinhando até transformar-se em uma figurar  vulgar  e separou as duas faces em duas esferas absolutamente diferentes, uma desprezível e fraca, outra forte e surpreendente, chamando à primeira de cristão e cristão-espírita e, à segunda, de Deus.

 

A religião cristã e a cristã-espírita amesquinhou o conceito “homem”. Sua extrema conclusão é que tudo quanto é bom, grande, verdadeiro, permanece sobre-humano e só é dado pela graça àqueles comportando-se de forma desprezível e fraca.

 

Deve-se ressaltar que o homem ainda não se conheceu completamente sob o aspecto fisiológico ao longo da cadeia de sua vida, que atravessa milhares de anos. Saber, por exemplo, que possuímos um sistema nervoso ( não uma alma ), ainda é privilégio de homens instruídos. Infelizmente, nesse ponto o cristão e o cristão-espírita não se contentam em não saber. Que sucede então? Julga as consequências como causa e criou um sistema de crença onde o mau estado em que se encontra é decorrente de sua falta de  escrúpulos, de seus pecados, de sua crítica pessoal.  Como consequência direta desse pensamento, a mortificação  do corpo prepara o terreno necessário para uma série de “sentimentos de culpa”. E, após o estado de sonolência profunda surge a aparência da cura – em linguagem religiosa: a “redenção”. É indispensável sejamos bastante humanos e realistas para dizer: “isso é uma coisa que não sei”, para reconhecermos a nossa ignorância, fato estes bloqueados pela arrogância ( escondida pela falsa humildade ) dos cristãos e cristãos-espíritas.

 

A disciplina apregoada impõem aos fiéis o estado de esgotamento próprio para gerar tais coisas na consciência.  Acreditam poder penetrar numa esfera superior, onde tudo cessa de ser conhecido e surge a aparência de um poder superior que o liberta do sofrimento. Assim segue o ciclo vicioso para os seguidores e ciclo virtuoso para os interesses políticos de seus mentores, dos sacerdotes, para o interesse oculto do Vaticano.

 

Essas “condições  de salvação” são variações de um estado doentio determinada não pela ciência, mas pela ilusão religiosa.  A pratica que utilizam até o presente, puramente psicológica e religiosa, considera apenas poder curar-se aquele que se curvar ante a cruz e jurar transformar-se em homem bom, ou seja, fraco, apático, mortificado, anti-natural.

 

A Igreja cristã e os cultos espíritas crêem em coisas que não existem, em ‘almas’; crêem em efeitos que não se produzem, efeitos divinos; crêem em condições que não se processam, no pecado, na redenção, na salvação da alma que permanece sempre em tudo, na superfície, nos sinais exteriores, nas atitudes, nas palavras, às quais dá uma interpretação arbitrária. Criaram um método ardiloso e falso raciocinado para a cunhagem falsa de moedas psicológicas, que podemos denominar de “o charlatanismo moral do cristianismo”.  No melhor caso, nada se cura e transforma-se uma série de sintomas de um mal em outra série.  E este perigoso absurdo sistema de profanação e de castração da vida é olhado como santo, como intangível. Ser um sacerdote deste sistema exalta, eleva, e até  converte em “santo intangível !”.

 

E os seus sacerdotes ? Querem fazer-se passar pelo tipo superior da humildade, querem possuir ascendência até sobre aqueles que têm o poder entre as mãos, para serem invulneráveis, inatacáveis, para serem o poder mais forte da comunidade, poder que não se possa, por nenhum preço, ser substituído ou desprezado. Só eles possuem a virtude, só eles têm acima de si o reino soberano, só eles de certa forma são Deus, só eles provêm da divindade, só eles são os intermediários entre Deus e os outros. A divindade pune todo dano causado ao sacerdote, até mesmo os maus pensamentos dirigido contra eles !

Eles dizem: “ a verdade existe, mas somente há um forma de atingí-la: convertendo-se em seguidor fiel do cristianismo ou espiritismo”.  Toda a natureza é apenas a execução dos preceitos contidos no livro sagrado ( Novo Testamento ) e nas obras psicografadas. Estas são as únicas fontes do bem.  Os  sacerdotes  ensinam certa espécie de moral que lhes permite ser considerado a si mesmo como o tipo supremo. Pura vaidade e egoísmo ardilosos !

 

Até onde vai a piedosa mentira dos sacerdotes cristãos e espíritas ? 

 

Em primeiro lugar, para criarem o poder, a autoridade, a credibilidade absoluta, a exemplo do mito da infalibilidade papal !! Nada mais ardiloso e mentiroso !! 

 

Em segundo lugar, necessitaram criaram a mentira de que todo o curso da natureza depende do seu Deus, para que tudo o que interessa ao indivíduo pareça condicionado por suas leis. 

 

Em terceiro lugar, é indispensável que a crença em seu poder e domínio sejam  tão vastos  que a fiscalização escape aos olhos de seus subordinados, e afim de  imporem a crença na medida penal para o além-túmulo, para o após a morte. 

 

Em quarto lugar, devem afastar a ideia do curso natural das coisas a fim de prometerem uma série de efeitos naturalmente subordinados às preces ou à estrita observação de suas leis. 

 

Em quinto lugar, os seguidores podem até contradizer seus argumentos desde que não digam que a sua fonte de sabedoria não seja o empirismo e sim  o resultado da revelação divina.  Dessa forma, criaram a idéia do bem e do mal, que aparecem inteiramente destacada dos conceitos  naturais dados para a vida: ao útil, ao prejudicial, ao estimulante, e outros. 

 

Em sexto lugar, enfim, a célebre “consciência” é gerada pela voz interior que, em vez de medir o valor de cada ato, por suas consequências, julga-o quanto à intenção e à conformidade desta com a lei.

 

A Santa Mentira e a Santa Moral dos seus interesses ardilosamente inventou primeiro um Deus que pune e recompensa, que envia ao mundo seus sacerdotes como intérpretes e plenipotenciários.  Segundo, inventaram  um além da vida, onde a máquina penal é representada como ativa, para que isso pudesse  ocorrer, inventaram a imortalidade da alma. Terceiro,  a consciência no sacerdote como se fosse o próprio Deus. Quarto,  a moral ( hipócrita ), como  negação do curso normal das coisas, reduzindo tudo quanto sucede às necessidades morais, aos efeitos morais ( isto é, a ideia de punição e de recompensa ), a moral impregnando o mundo, força única, criadora de toda a transformação. Quinto, a verdade considerada como  a única revelada pela divindade e idêntica à doutrina do clero e condição de salvação e de felicidade, tanto neste mundo como no outro. 

 

Em resumo: com que pagamos a reforma moral? Com o refreamento da razão, da natureza humana, da força, de transformar toda culpa (erro) em pecado ante Deus. O espiritismo eleva tudo isso à quinta potência !!! Puderam na boca de outro ( Jesus ) a doutrina dos interesses dissidentes do judaísmo. O resto é o desenvolvimento particular de certo tipo de santo, nos moldes ‘sagrados’ dos seus interesses.

 

Uma análise crítica com base na ciência e na psicologia força a conclusão de que toda a doutrina cristã e cristã-espírita do que se deve crer, toda a ‘verdade’ é apenas mentira. Opõem jesus a vida verdadeira, à realidade. Combatem a hierarquia na comunidade e não prometem nenhuma retribuição proporcional ao trabalho, daí serem amplamente evocadas pelos socialistas para ofenderem os fortes. Eles a utilizam para nega a realidade de tudo quanto seja fruto de esforço pessoal ou histórico.

 

O cristianismo primitivo representou a supressão do Estado (eis a causa da perseguição): proibia o juramento, o serviço militar, as cortes de justiça, a defesa pessoal e da comunidade, suprimiu a diferença entre cidadãos e estrangeiros e, da mesma forma, as castas. Evocaram a igualdade entre os diferentes: o inteligente deveria ser tratado igual ao burro; a bela(o) igual à(ao) feia(o) ; o perseverante igual ao preguiçoso. Em suma: engrandeceram tudo quanto a sociedade desprezava. Vicejavam entre os difamados e os condenados, os leprosos de toda espécie ( literal e figurado ), a gentalha mais ignorante ( os pescadores ), a fim de desprezar os ricos, os eruditos, os nobres, os virtuosos, os homens naturalmente fortes, então existentes no instinto judaico, na sua tenaz vontade de viver e de dominar.

 

Essas religiões pessimistas, na Antiguidade, representada pelo cristianismo, para seu interesse próprio, mascarada em humildade, acolheu todos os elementos de decadência e tudo quanto se assemelha: a negação de tudo que é natural, a indignidade em face da natureza, a antinaturalidade.  Não permitia ao homem atribuir-se amor a si mesmo, fazendo-o acreditar que Deus caminhava diante dele e que se fez vivo em seu coração ( alma ). Deveriam exaltar a cruz porque a morte de jesus lhe permitiu abrissem as portas do paraiso. Nessa adoração há toda a manifestação do mais baixo egoísmo, que só os tolos não veem.  Essas virtudes de animal de rebanho equivale ao mais ridículo de todos os espetáculos, não merece absolutamente nenhum privilégio sobre a terra. Hoje pode-se concluir que havê-los perseguido foi a antiga e maior estupidez de grande estilo: foi um enorme erro leva-los muito a sério, de emprestar-lhes valor.

 

Encontramo-nos em presença de uma verdadeira escola para ensinar os meios de sedução que levam a uma crença: o desprezo sistemático das esferas onde poderia provir a contradição – a da razão, da filosofia, da sabedoria, da desconfiança, da prudência.  Um louvor impudente e uma glorificação da doutrina apelando, sem descanso, a Deus que foi quem revelou. Não há nada a criticar, basta que creia e aceite e devemos aceita-la com o mais profundo reconhecimento e na maior humildade, sem reflexão ao preconceito da doutrina e dos seus sacerdotes quanto à altivez viril e à sensualidade, às ciências e às artes.  Em resumo:  de uma lado a doutrina que representa o que é justo e, do outro, o mundo, a realidade que é falsa, que é eternamente reprovável e réproba. A seu lado os seus seguidores aproveitadores ( os sacerdotes ) com a mais insensata presunção alegando que o destino da humanidade gira em seu derredor. Acompanhados da insolência desenfreada em querer dizer sua opinião a respeito dos grandes assuntos, da pretensão em querer assumir o caráter de juízes nas questões que ultrapassam todos os limites. Da leviandade impudente com que falam dos problemas menos acessíveis ( a vida, o Mundo, Deus, a finalidade da Vida ), tratando-os como se não fossem problemas. Qualquer dúvida é um sinal de pecado ! Até hoje há argumentos que resolvem em duas palhetadas todos os problemas humanos e respondem a todas as perguntas possíveis, apesar de a Esfinge, há milênios, interrogar as areias do deserto. 

 

Por certo, toda essa mentira não impede que muitos possam vive-la como sendo a sua verdade e talvez o valor da verdade esteja somente nessa capacidade de ser vivida, ou seja, a de  transformar a mentira em verdade para compensar a inveja, o ódio, o ressentimento, a vingança não praticada, a fraqueza, a covardia. Mas o homorístico e trágico da coisa está em querer impô-la aos outros e fazê-lo, ainda, com impressionante gravidade.

 

Nada menos inocente que o Novo Testamento, que as obras psicografadas, que dissimulam a guerra contra os nobres e os poderosos. É uma guerra semelhante à da raposa que recusa de saber da própria astúcia. É preciso ter sempre à mão uma boa porção de razão, de desconfiança e de malícia quando se lê o Novo Testamento porque está eivado dos interesses da gente da mais baixa origem, do populacho, dos répobros, da gente que cresceu afastada do odor da cultura, sem disciplina, ignorante, não duvidando de que nas coisas intelectuais possa haver consciência. Gente astutas por instinto, com todas as idéias ardilosas e supersticiosas não sabem criar um merecimento.

 

No Novo testamento, onde se lê a palavra ‘divino’ deve se  entender uma forma indireta de raiva figadal na calúnia e na destruição -  uma das formas menos leais do ódio. Ignora-se todas as qualidades da natureza superior. Por isso, é o evangelho da espécie de homens destituída de nobreza; da pretensão de ter mais valor do que todos os outros; de reunir todos os valores. Com efeito, apresenta algo de revoltante por ser a religião da classe baixa, dos escravos, das massas sem nobreza.