SOBRE  A  FRAQUEZA   DA MORAL  CRISTÃ  

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( ADAPTADO DO  “A GENEALOGIA DA MORAL” DE FRIEDRICH NIETZSCHE )

 

 

Só há duas alternativas para os Deuses: 

 

ou são fortes ou são fracos – e nesse caso precisam ser bons.

 
 

O homem teve, tem e terá sempre de lutar bravamente por cada migalha da verdade; teve, tem e terá sempre de sacrificar quase tudo aquilo em que se agarra o coração humano, o amor humano, a confiança humana na vida. Para isso é necessário possuir grandeza de sentimentos: o serviço da verdade é o mais duro dos serviços.

 

Uma nação que acredita em si mesma possui seu próprio Deus. Nele são honradas as condições que a possibilitam sobreviver, suas virtudes – projeta o prazer que possui em si mesma, seu sentimento de poder, em um ser ao qual pode agradecer por isso.

 

Quem é rico lhe prodigaliza sua riqueza. 

 
 

Uma nação orgulhosa precisa de um Deus ao qual pode oferecer sacrifícios ( trabalho, pró-atividade, confiança em si, enfim efetividade ).

 

A religião,  dentro desses limites , é uma forma de gratidão.

 

O Deus dessa sociedade tem o poder  tanto de beneficiar quanto de punir.

 

É  capaz de representar um amigo ou um inimigo – é admirado tanto pelo bem quanto pelo mal que causa.

 

Castrar esse Deus, contra toda a natureza, transformando-o em um Deus somente bondade, seria contrário à inclinação humana.

 

Qual seria o valor de um Deus que desconhecesse o ódio, a vingança, a inveja, o desprezo, a astúcia, a violência, que não tenha experimentado os arrebatadores ardores da vitória e da destruição ?

 

Ninguém entenderia tal Deus: 

 

por que alguém o desejaria ?

 

Assim vejamos:

 
 

Quando uma nação está em declínio, quando sente que a crença em seu próprio futuro, sua esperança de liberdade estão se esvaindo, quando começa a enxergar a submissão como primeira necessidade e como medida de autopreservação, então precisa também modificar seu Deus.

 

Ele se torna hipócrita, tímido e recatado. Aconselha a “paz na alma”, a ausência de ódio, a indulgência, o “amor” aos amigos e inimigos. Torna-se um moralizador por excelência. Infiltra-se em toda virtude privada. Transforma-se no Deus universal de todos os homens.

 

Todo esse mundo fictício do cristianismo falsifica, desvaloriza e nega a realidade.

 

O conceito de natureza é usado como oposto ao conceito do Deus Cristão, a palavra natural tomou o significado de “abominável” – todo esse mundo fictício tem sua  origem no ódio contra o natural :  a realidade !

 

É a evidência de um profundo mal-estar com a  efetividade, a auto-confiança, o amor-próprio, a auto-estima. Isso explica tudo.

 

Quem tem motivos para fugir da realidade ? 

 

Quem sofre com ela.

 

E sofrer com a realidade significa uma existência malograda.

 

A preponderância do sofrimento sobre o prazer é a causa dessa moral e religião fictícias, e tal preponderância também fornece a fórmula para a decadência.

 

 

Onde quer que, por qualquer forma, a  força comece a enfraquecer, haverá sempre um declínio fisiológico concomitante.

 

A divindade dessa decadência é convertida forçosamente em um Deus dos fisiologicamente degradados, dos fracos.

 

Obviamente eles não se denominam fracos, mas sim “os bons”..

 

O mesmo instinto que leva os inferiores a reduzir seu próprio Deus à “bondade em si” também os leva a eliminar todas as qualidades do Deus daqueles que lhes são superiores.

 

Vingaram-se demonizando o Deus de seus dominadores, dos fortes,   o  IAVÉ dos Judeus

 

Como podemos ser tão tolerantes com essa doutrina que diz representar um progresso ?

 

Quando amputou tudo que é necessário à vida ascendente: a força, a coragem, o imperioso e orgulhoso, até tornar-se uma bengala para os cansados, uma tábua de salvação aos que se afogam, quando passou a representar o Deus dos pobres, dos incapazes...

 

 

Nele declara-se guerra à vida, à natureza, à vontade de viver !

 

 

Nele o nada é divinizado e a vontade do nada se faz sagrada !

 

 

Nele o passatempo prevalecente, a cura favorita para o enfado, é a discussão sobre pecados, a autocrítica, a inquisição da consciência !

 

Nele a emoção produzida pelo Poder é insuflada pela reza e não pelo  trabalho necessário para este fim, pela vontade de crescer..

 

Nele o bem mais elevado é considerado algo inatingível, uma dádiva, uma "graça"! Só para os escolhidos ! Não adianta trabalhar para isso , se não for o escolhido !

 

Nele também é cultuado  a crueldade para consigo e para com os outros: 

 

o ódio aos incrédulos; 

 

o desejo de perseguir, vingar-se 

 

( o dia do juízo final - da vingança final ). 

 
 
 
 

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Aquele cristão tem uma expressão magra e faminta. Ele pensa demais... não conheço outro homen a quem deva evitar com tanta rapidez como esse minguado Cristão.. Homens assim não ficam à vontade vendo outro maior do que eles e, portanto, são muito perigosos..


 

Adaptado  de  WILLIAM SHAKESPEARE, 1564 - 1616


 

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Idéias sombrias e inquietantes ocupam o primeiro plano.

 

Nele é cristã toda a  inimizade mortal aos "aristocratas" - juntamente com uma rivalidade secreta contra eles.

 

Nele  é cristão todo o ódio contra o intelecto que lhe faz contraditório, o orgulho, a coragem, a liberdade, o ódio aos sentidos, à alegria dos sentidos, à alegria em geral.

 

 

Sem dúvida, com isso o “reino de Deus” cresceu, haja vista a população da Terra em todos os tempos constituiu-se sempre de uma maioria  de desgraçados.

 

Seus efeitos equivalem  ao do "bolsa família" do PT

 

No cristianismo os instintos naturais do ser humano forte  foram subjugados e apenas os dos  fracos e orimidos vêm em primeiro lugar, como consequência lógica direta, é voltada para angariar a simpatia dos mais rebaixados que são, de fato, a maioria que buscam a salvação através dele.

 
 

Por isso também, o catolicismo ( uma versão do cristianismo ) é mais popular  em nação de povo pobre e mais reduzida em nações de povo mais rico

 
 

O verdadeiro objetivo de todo o sistema de salvação da Igreja cristã, em especial a Católica Apostólica Romana, é tornar as pessoas enfermas. Considera o ideal que toda a Terra fosse um manicômio. O tipo de homem religioso que a Igreja deseja é o típico decadente; a época em que uma crise se apodera de uma povo é sempre momento de expansão da influência das Igrejas Católicas.

 

Frases de impacto, tais como: 

 
 

" Que a Fé promove a bem-aventurança";  

 
 

"Que a Fé na realidade não move montanhas, mas as constrói onde antes não existiam" , 

 
 

tudo isso fica bastante evidente após uma breve visita a um hospício.  

 
 

A Igreja concedeu nomes sagrados apenas para lunáticos ou grandes impostores.

 

Eles dizem que nem todos podem ser cristãos. Certamente, não se é convertido ao cristianismo - antes é necessário estar suficientemente doente para desprezar a coragem para a saúde e para desprezar  uma religião que se recusa a dispensar a superstição da alma !  Que da insuficiência alimentar faz "virtude" ! Que combate a saúde como alguma espécie de inimigo, de demônio, de tentação ! Que quer convencer de que é possível trazer uma "alma perfeita" em um corpo cadavérico, e que, para isso, inventou um novo conceito de "perfeição", um estado existencial fraco, pálido, doentio, fanático até a estupidez, a que chamaram de "santidade" - uma coisa que não passa de uma série de sintomas de um corpo empobrecido, incuravelmente psicologicamente corrompido !

 

O movimento cristão, desde o começo, não foi mais do que uma sublevação de toda espécie de elementos desterrados e refugados, que agora sob a máscara do cristianismo aspiram  o  Poder.

 

Representa uma conglomeração de produtos da decadência vindos de todas as direções, amontoando-se e buscando-se reciprocamente.

 

Não foi como  alguns sacro-parasitas dizem a corrupção da antiquidade nobre que tornou o cristianismo possível, mas sim todas as variedades de homens deserdados pela vida, tinha aliados em toda parte pois estes sempre foram a maioria em todos os tempos.

 

O Cristianismo possui em seu âmago o rancor dos doentes - o instinto contra os sãos, contra a saúde. Tudo que é bem-constituído, orgulhoso, galante e, acima de tudo, belo é uma ofensa aos seus olhos e ouvidos.

 

O símbolo "Deus na Cruz" . Poucos sabem o assustador significado que esse simbolo encerra. Significa que tudo que sofre, tudo que está crucificado é "divino"...Nós, sofredores, que estamos suspensos na Cruz, consequentemente somos divinos... E pior:  Eles querem dizer: "Apenas nós somos divinos!" .

 
 
 

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ALGUMAS  FALÁCIAS  DA FRAQUEZA  DA MORAL CRISTÃ  CUJO OBJETIVO É DOMINAR  OS SEUS SEGUIDORES  E JOGÁ-LOS  CONTRA OS FORTES

 

 

-Vingança e retaliação não cabem a mim, mas a Deus;

 

-O perdão me permite abandonar a imperfeição do outro. Ele me dá liberdade;

 

-O perdão alegra a Deus porque permite que ele me preencha com o seu caráter;

 

-A falta de vontade em perdoar apenas cria o aprisionamento. Acabo me tornando semelhante à pessoa que me desrespeitou.

 

-Meus relacionamentos melhoram muito quando me disponho a perdoar

 
 

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O Cristianismo continua sendo a maior desgraça da humanidade.

 

 

Para  os judeus convertidos ao cristianismo, toda a história gloriosa de Israel não lhes tinha mais qualquer valor.

 

Então eles não apenas a dispensaram como a falsificaram para atender aos seus novos interesses de Poder !

 

 

Com um grau de desprezo sem paralelos, em face de toda a tradição e toda a realidade histórica judaica até então, converteram, em termos religiosos,  todo o passado do povo judeu em um mecanismo imbecil de salvação através do qual todas as ofensas contra o seu  novo DEUS - O Deus Cristão - o que  substituiu  IAVÉ,  eram punidas e toda devoção recompensada.

 

 

A experiência de todas as mentes profundas e disciplinadas ensina o contrário: O homem teve, tem e terá sempre de lutar bravamente por cada migalha da verdade; teve, tem e terá sempre de sacrificar quase tudo aquilo em que se agarra o coração humano, o amor humano, a confiança humana na vida. Para isso é necessário possuir grandeza de sentimentos: o serviço da verdade é o mais duro dos serviços.

 

A religião,  dentro desses limites , é uma forma de gratidão. A religião que não ignora a realidade, que não ignora a natureza humana, os seus instintos e orienta os seus seguidores a aprender a controlá-los a usá-los dentro de limites de civilidade, tais como o egoismo, o desejo de poder, de vingança, e todos os outros que os fracos condenam e criticam, esta sim é uma religião que dignifica o homem e do o progresso que este conseguiu para si e para a coletividade.

 

 
 
 

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50% das pessoas são tolos explícitos.

 

Na outra metade, mais de 50% o são  ocultamente

 

Baltazar  Gracián

 

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No início tinha somente seu povo, seus “escolhidos” e desde então saiu perambulando, assim como seu próprio povo, a territórios estrangeiros. Desistiram de acomodarem-se. Botaram para fora as suas ambições ( sempre que interessa, o fazem ! ) e, finalmente, passaram a sentir-se em casa em qualquer lugar que passou a possuir a grande maioria ao seu lado.

 

 

O Deus da “grande maioria”, o Deus democrata entre os Deuses. O Deus ideal, cada vez mais pálido e tênue, o “puro espírito”, o “absoluto”, a “coisa em si”.

 

 

Pensava-se que a consciência humana, seu “espírito” era uma evidência de sua origem superior, de sua divindade. O “puro espírito Santo” é uma pura estupidez: retire o sistema nervoso e os sentidos, o chamado “envoltório mortal”, e o resto é um erro de cálculo – isso é tudo!

 

 

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Mas voltemos atrás: 

 
 

o problema da outra origem do  "bom", do bom como concebido pelo homem do ressentimento, exige sua conclusão.

 

Que as ovelhas tenham rancor às grandes aves de rapina não surpreende:

 

mas não é motivo para censurar às aves de rapina o fato de pegarem as ovelhinhas.

 

E se as ovelhas dizem entre si:

 

"essas aves de rapina são más; e quem for o menos possível ave de rapina, e sim o seu oposto, ovelha – este não deveria ser bom?", não há o que objetar a esse modo de erigir um ideal, exceto talvez que as aves de rapina assistirão a isso com ar zombeteiro, e dirão para si mesmas:

 

"nós nada temos contra essas boas ovelhas, pelo contrário, nós as amamos: nada mais delicioso do que uma tenra ovelhinha".

 

 

CONCLUSÃO

 

 

Os  cristãos  querem  exigir da força que não se expresse como força, que não seja um 'querer-dominar', um 'querer-vencer', um 'querer-subjugar', uma sede de inimigos, resistências e triunfos.

 

Isto é tão absurdo quanto exigir da fraqueza que se expresse como força.

 

Enquanto o homem de caráter forte, nobre,  vive com confiança e franqueza diante de si mesmo, o homem da moral cristã, do ressentimento, da insegurança, da fraqueza, em suma, da inveja, não é  franco, nem honesto e reto consigo, muito menos com os outros.

 

Sua alma olha de través; ele ama os refúgios, os subterfúgios, os caminhos ocultos, tudo escondido lhe agrada como seu mundo, sua segurança, seu bálsamo;  ele entende do silêncio, do não esquecimento, da espera, do momentâneo apequenamento e da humilhação própria.

 

 

 

Eles imaginam seus ‘inimigos’ – os nobres, os ricos, os fortes, os corajosos, os de caráter firme, os bons – como “maus”, a partir do qual também elaboram, como imagem equivalente, um “bom” , no caso, somente eles mesmos!

 

Mesmo o ressentimento do homem nobre, quando nele aparece, se consome e se exaure numa reação imediata, por isso não envenena.  Por outro lado, nem sequer aparece, em inúmeros casos em que é inevitável nos impotentes e fracos.

 

O homem nobre sacode de si, com um movimento, muitos vermes que nos fracos se enterrariam, não levam a sério por muito tempo seus inimigos, suas desventuras, seus mal feitos. Eis o indício de natureza forte e plena, em que há excesso de força plástica, modeladora, regeneradora, propiciadora do esquecimento.

 

O nobre concebe, de dentro de si, a noção básica de “bom” e a partir dela cria para si uma representação de “ruim”. Este “ruim” de origem nobre difere do “ruim” que vem do caldeirão do ódio insatisfeito interpretado e visto pelo olho de veneno do fraco, do inseguro, em suma, do invejoso, que não são melhores do que animais de rapina contidos pelo costumes, pela vigilância mútua das relações pessoais entre si, pela lei, e que sempre que podem deixam atrás de si, uma sucessão horrenda de assassínios, incêndios, violações, torturas,  difamações, injúrias, calúnias, etc.

 

Toda a ciência ( inclusive a religião ) se encontra sob a sedução da linguagem, não obstante seu sangue-frio, sua indiferença aos afetos. Não é de espantar que os afetos entranhados que ardem ocultos, ódio e vingança, tirem proveito dessa crença, e no fundo não sustentem com fervor maior outra crença senão a de que o forte é livre para ser fraco, e a ave de rapina livre para ser ovelha -assim adquirem o direito de imputar à ave de rapina o fato de ser o que é... (..).

 

Se os oprimidos, pisoteados, ultrajados exortam uns aos outros, dizendo, com a vingativa astúcia da impotência: "sejamos outra coisa que não os maus, sejamos bons! E bom é todo aquele que não ultraja, que a ninguém fere, que não ataca, que não acerta contas, que remete a Deus a vingança, que se mantém na sombra como nós, que foge de toda maldade e exige pouco da vida, como nós, os pacientes, humildes, justos".

 

Contudo, para os poucos  observadores astutos e conhecedores da natureza humana,  isto não significa, ouvido friamente e sem prevenção, nada mais que:

 

"nós, fracos, somos realmente fracos; convém que não façamos nada para o qual não somos fortes o bastante'; mas esta seca constatação, esta prudência primaríssima, que até os insetos possuem (os quais se fazem de mortos para não agir "demais", em caso de grande perigo), graças ao falseamento e à mentira para si mesmo, próprios da impotência, tomou a roupagem pomposa da virtude que cala, renuncia, espera, como se a fraqueza mesma dos fracos - isto é, seu ser, sua atividade, toda a sua inevitável, irremovível realidade – fosse um empreendimento voluntário, algo desejado, escolhido, um feito, um mérito.

 

Por um instinto de autoconservação, de auto- afirmação, no qual cada mentira costuma purificar-se, essa espécie de homem necessita crer no "sujeito" indiferente e livre para escolher. O sujeito (ou, falando de modo mais popular, a alma) foi até o momento o mais sólido artigo de fé sobre a terra, talvez por haver possibilitado à grande maioria dos mortais, aos fracos e oprimidos de toda espécie, enganar a si mesmos com a sublime falácia de interpretar a fraqueza como liberdade, e o seu ‘modo de ser’ como mérito.

 

Parece-me que mentem.

 

A fraqueza é mentirosamente mudada em mérito, não há dúvida, e:

 

a impotência que não acerta contas é mudada em 'bondade';

 

a baixeza medrosa, em 'humildade';

 

a submissão àqueles que se odeia em 'obediência'

(há quem diz que esta submissão é imposta por Deus).

 

O que há de inofensivo no fraco, a própria covardia na qual é pródigo, seu aguardar-na-porta, seu inevitável ter-de-esperar, recebe aqui o bom nome de 'paciência', chama-se também de virtude;

 

o "não-poder-vingar-se" chama-se "não-querer-vingar-se", talvez mesmo perdão.

('pois a maioria deles não sabem o que fazem, talvez só o Papa o saiba ).

 

Falam também do 'amor aos inimigos' - e suam ao falar disso. 

 
 

São miseráveis, não há dúvida, esses falsificadores e cochichadores dos cantos, embora se mantenham  aquecidos agachando-se apertados - mas eles me dizem que sua miséria é uma eleição e distinção por parte de Deus, que batemos nos cães que mais amamos; talvez essa miséria seja uma preparação, uma prova, um treino, talvez  ainda mais - algo que um dia será recompensado e pago com juros enormes, em felicidade. 

 
 

A isto chamam de 'bem-aventurança', 'beatitude'.

 
 

Deve-se observar que a beatitude não é demonstrada, mas apenas prometida pós-mortem. Sustenta-se na "fé", enquanto condição - será beatificado apenas porque crê... 

 
 

Aquilo que o sacro-parasita promete ao crente, aquele "além" transcendental não pode ser demonstrado, a prova de força, no fundo, não passa da crença de que os efeitos prometidos pela fé se realizarão.  

 
 

Em uma sentença lógica, eles dizem: "A Fé beatifica, logo ela é verdadeira"... Mas não podemos ir além disso. Esse "logo" já é o próprio absurdo  transformado em critério da verdade. A beatificação não passa de algo meramente desejado, meramente prometido pela boca suspeita de um sacro-parasita da Igreja cristã, especialmente, da Católica Apostólica Romana. 

 
 

Em verdade vos digo, por uma questão de consciência: 

 
 

A Fé beatifica, logo ela mente  !!!

 

 

A experiência de todas as mentes profundas e disciplinadas ensina o contrário: O homem teve, tem e terá sempre de lutar bravamente por cada migalha da verdade; teve, tem e terá sempre de sacrificar quase tudo aquilo em que se agarra o coração humano, o amor humano, a confiança humana na vida. Para isso é necessário possuir grandeza de sentimentos: o serviço da verdade é o mais duro dos serviços.

 

Uma nação que acredita em si mesma possui seu próprio Deus. Nele são honradas as condições que a possibilitam sobreviver, suas virtudes – projeta o prazer que possui em si mesma, seu sentimento de poder, em um ser ao qual pode agradecer por isso.

 

Quem é rico lhe prodigaliza sua riqueza.

 

 

Uma nação orgulhosa precisa de um Deus ao qual pode oferecer sacrifícios ( trabalho, pró-atividade, confiança em si, enfim efetividade ).

 

A religião,  dentro desses limites , é uma forma de gratidão. A religião que não ignora a realidade, que não ignora a natureza humana, os seus instintos e orienta os seus seguidores a aprender a controlá-los a usá-los dentro de limites de civilidade, tais como o egoismo, o desejo de poder, de vingança, e todos os outros que os fracos condenam e criticam, esta sim é uma religião que dignifica o homem e do o progresso que este conseguiu para si e para a coletividade.

 

 

Basta uma pequena dose de agressão, malícia, insinuação, opinião contrária aos seu interesses, para lhes fazer o sangue subir aos olhos e a imparcialidade sair dos olhos, para demonstrarem como são hipócritas, falsos, superficiais, sem a cultura do contraditório do que seguem  e  parciais.

 

"Querem dar  a entender que não apenas são melhores que os poderosos, os senhores da terra cujo escarro têm de lamber (não por temor, de modo algum por temor! e sim porque Deus ordena que seja honrada a autoridade)'o – que não apenas são melhores, mas também 'estão melhores', ou de qualquer modo estarão um dia, ainda que somente no dia do juízo-final ( da vingança-final ).

 

Estas oficinas chamadas igrejas  onde se fabricam ideais - minha impressão é de que está fedendo de tanta mentira!.

 

Por falar em mentira, um momento! Preciso observar o golpe de mestre dessas ovelhas, que produzem leite, brancura e inocência de todo negror - não percebeu a consumada perfeição do seu refinamento, a sua mais ousada, sutil, engenhosa e mendaz estratégia de artista?

 

Preste atenção! Esses religiosos  cheios de ódio e vingança - que fazem justamente do ódio e da vingança? Você ouviu essas palavras? Você suspeitaria, ouvindo apenas as suas palavras, que se encontra entre homens do ressentimento, da inveja?...

 

"Compreendo; vou abrir mais uma vez os ouvidos (ah! e fechar o nariz). Somente agora escuto o que eles tanto diziam:

 

'Nós, bons - nós somos os justos - o que eles pretendem não chamam acerto de contas, mas 'triunfo da justiça'; o que eles odeiam não é o seu inimigo, não! eles odeiam a 'injustiça', a 'falta de Deus'; o que eles crêem e esperam não é a esperança de vingança, a doce embriaguez da vingança ('mais doce que mel', já dizia Homero), mas a vitória de Deus, do Deus justo sobre os ateus; o que lhes resta para amar na terra não são os seus irmãos no ódio, mas seus 'irmãos no amor', como dizem, todos os bons e justos da terra."

 

E como chamam aquilo que lhes serve de consolo por todo o sofrimento da vida? - sua fantasmagoria da bem-aventurança futura antecipada? - "Quê? Estou ouvindo bem? A isto chamam de Juízo Final', o advento do seu reino, do 'Reino de Deus'. Mas por enquanto vivem 'na fé', 'no amor', 'na esperança'.  Basta! Basta!

 

Fé em quê? Amor a quê? Esperança de quê?

 

Esses fracos - também eles desejam ser os fortes algum dia, não há dúvida, também o seu "reino" deverá vir algum dia - chamam-no simplesmente "o Reino de Deus", como vimos: são mesmo tão humildes em tudo!

 

Para vivenciar isto é preciso viver uma vida longa, que ultrapasse a morte – é preciso a vida eterna para ser eternamente recompensado no "Reino de Deus" por essa existência terrena "no amor, na fé, na esperança".

 

Recompensado pelo quê? E como?...

 

Sim, aquele que todo ‘bom’ e ‘ovelha’ cristã deseja:

 

o dia da vingança final, dia este que eles sacralizaram denominando-o de o perpétuo dia do juízo final, tratando a justiça com base em uma reação meramente afetiva reativa ao sentimento de estar ferido, tal como a espécie humana fazia nos primórdios da pré-história !!!

 

Aquele dia não esperado pelos povos  ( ovelhas e  cordeiros ) cristãos, dia escarnecido, quando tamanha antigüidade do mundo e tantas gerações serão consumidas num só fogo. Quão vasto será então o espetáculo! Como admirarei! Como rirei! Lá me alegrarei! Lá exultarei, vendo tantos e tão grandes reis, de quem se dizia estarem no céu, gemendo nas mais fundas trevas, junto ao próprio Júpiter e suas testemunhas.

 

Do mesmo modo os líderes, perseguidores das ovelhas do Senhor, derretendo-se em chamas mais cruéis do que aquelas com que eles maltrataram  as ovelhas cristãs do Senhor!

 

E também aqueles sábios filósofos, que diante dos seus discípulos tornam-se rubros ao se consumirem no fogo, juntamente com eles, a quem persuadiam que nada pertence a Deus, a quem asseguravam que as almas ou não existem ou não retomarão aos corpos antigos!

 

Os poetas também, a tremer, não diante do tribunal de Radamanto ou de Minos, mas daquele do Cristo inesperado! Então se escutará melhor os trágicos, a saber, melhor serão ouvidas as suas vozes (melhor a voz, maiores os gritos) em sua própria desgraça; então serão conhecidos os histriões, mais  desenvoltos no fogo, então se verá o auriga, todo rubro no carro flamejante, então se contemplarão os atletas, não no ginásio, mas no fogo lançando seus dardos.

 

 

O dia em que irão dirigir um olhar insaciável àqueles que maltrataram o Senhor:

 

"Eis", direi, "o filho do artesão e da prostituta (o que segue, e em especial esta designação para a mãe de Jesus ).

 

Eis aquele que comprastes de Judas, eis aquele que foi golpeado com a vara e com bofetadas, que foi humilhado com escarros, a quem foi dado de beber fel e vinagre.

 

Eis aquele que os discípulos roubaram às escondidas, para que se dissesse que havia ressuscitado, ou aquele a quem o hortelão arrastou para que suas alfaces não fossem machucadas pelo grande número de passantes.

 

Tais visões, tais alegrias, que pretor, ou cônsul, ou questor, ou sacerdote, te poderia oferecê-las, da sua própria generosidade?  E no entanto, de certo modo já as possuímos mediante a fé, representadas no espírito que imagina.

 

De resto, como são aquelas coisas que nem o olho viu, nem o ouvido ouviu, nem subiram ao coração do homem, que produzem a superstição, o medo e o egoísmo.

 

Creio que são mais agradáveis que o circo, que ambos os teatros, e todos os estádios.

 

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O cristianismo é a negação da vida, da realidade.

 
 

O maior inimigo de Deus é a ciência. Quando o Papa vai ao médico para esclarecer uma dor, negou  a si o efeito da sua crença na reza.  Nestes termos, a modernidade matou Deus.  A Ciência, também conhecida como Diabo, colocou Deus em segundo plano.

 
 

O Cristianismo é a negação: do corpo; das sensações que levam ao erro e ao “pecado”; do agora; do conflito; das transformações

 

E é a construção da imagem idealizada surreal, utópica de si mesmo e para o outro.

 
 

A idéia da vida após a morte retira o ser humano da vida real do agora.  O idealismo cristão refugia-se num mundo que nega a realidade que o cerca e tenda mudar o Mundo através de sua filosofia pré-concebida utópica.

 
 

Todo idealista é incorrigível. Se é expulso do seu céu, faz um ideal do seu inferno. O cristão não aceita que a vida é um conjunto de dor e prazer. Eles não sabem lidar com a dor, são uns fracos para as grandes realizações, para as grandes conquistas.

 
 

O filósofo Nietzsche tentou ajudar as pessoas contaminadas pelo cristianismo a se curarem e resgatarem as suas liberdades, mas eles não querem ver a verdade que comumente se apresenta de macacão sujo de graxa e cheirando a trabalho...

 
 

O cristianismo é a moral dos fracos. O cristão ideal deve ser pobre, triste, fraco e aleijado.

 
 

Todo cristão vive reclamando e se punindo porque pensa que Deus o está ouvindo e vendo e lhe dará uma solução ‘milagrosa’ sem esforço e sem conflito.

 
 

Os valores cristãos são de desvalorização da vida.

 

 

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Entre os diversos tipos de perfeição, trata-se de algo raro.

 

Não há quem seja grande sem alguma qualidade sublime.

 

A mediocridade nunca merece aplausos.

 

A superioridade em um empreendimento relevante nos tira do anonimato e nos coloca em destaque.

 

Ser superior numa ocupação humilde é ser algo em muito pouco: quanto mais fácil, menos glória.

 

Ser excepcional em coisas superiores nos proporciona um caráter altivo: granjeia admiração e conquista a boa vontade dos outros.

 

Baltazar Gracian – A  Arte da Prudência

 

 

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Na sociedade é inevitável que certos valores e costumes percam de vista os seus motivos originais e se tornem opressivos.

 

A moral cristã tem o grave defeito de cultuar  a  medicridade, o ser mediocre, travestido de  humildade.

 

E, o pior, a maioria  de seus seguidores por falta de leitura do seu contraditório, em decorrência de  uma mente estreita, nem sequer  desconfiam  dessas falsas  virtudes e o prejuízo que lhes acarretam.

 

 

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Que estas informações ajudem ao leitor a não se deixar induzir em erro.

 

Boas reflexões a todos !