DA FALSA GENEROSIDADE  DO  CRISTÃO

 

 

Quando se investiga o começo do cristianismo no mundo romano, encontram-se associações para auxílio mútuo, associações de pobres e de enfermos, ou para realizar enterros, nascidas no solo mais inferior daquela sociedade, nas quais se cultivava conscientemente esse grande meio contra a depressão, a pequena alegria da beneficência mútua.

 
 

Contudo, como tudo na vida pode ser usado tanto para o bem quanto para o mal, os sacroparasitas do cristianismo desvirtuaram essa caracteristica visando aos próprios interesses de poder

 
 

Toda  moral altruísta prolatada pelo sacroparasita cristão, sempre da porta da igreja para fora, tem o querer  de ser incondicionada, do querer abarcar a tudo sem distinções, não pecando assim somente contra o bom gosto, mas além disso e bem mais que isso, é um incitamento aos pecados da omissão, uma sedução a mais sob a máscara da filantropia – e particularmente apta a seduzir e danificar os homens mais elevados, mais raros e privilegiados.

 
 
 

É preciso fazer a moral cristã curvar-se diante da hierarquia, é necessário abater-se a sua prepotência e colocar-se defitinivamente a claro que é imoral afirmar-se que: aquilo que é justo para um deve ser também para outro.

 
 
 

Por exemplo: num indivíduo nascido para comandar, a abnegação e a modéstia não seriam virtudes, mas sim o esbanjamento, o mal uso dessas virtudes

 
 
 

Observe que os sacroparasitas estão sempre fazendo a propaganda de  nunca terem dinheiro, estão sempre escondendo o que tem na forma dissimulada, ardilosa, de estarem sempre pedindo ajuda financeira e de sempre fazerem as suas obras de caridade meramente como intermediários do dinheiro de outros. Nesse quesito, nunca são úteis às próprias expensas a um outro ser humano, mesmo se for seu seguidor.

 

 

COM QUE ARDIL ELES CONSEGUEM TANTOS COLABORADORES  ?

 

 

 Com a maneira com que criaram no cristão  o desejo de torturarem a si mesmo, uma crueldade refinada contra si mesmo, com base  nos interesses egoistas próprios que lhes são oferecidos pelo sistema do cristianismo: as ferramentas do auto-flagelo, da auto-punição, do medo do pecado, do temor à  vingança de Deus contra os que não lhe seguem cegamente, sem refletirem, da sua cadeira cativa no Céu e do prazer da vingança final contra os poderosos, os fortes, os excelentes.

 
 

Quem realmente é submetido à sacrifícios voluntários sabe que os sofreu por alguma coisa, de ter obtido alguma coisa em compensação de seu sacrifício - talvez de si mesmo, por si mesmo -  sabe que de um lado concede, para obter muito mais de outro, senão para ser, ou pelo menos sentir-se algo mais.

 

Onde atualmente se prega compaixão ? Se estamos certos apenas na religião  é pregada. Neste campo deve-se ficar muito atento à vaidade de tais pregadores. É também uma forma de desprezo por si mesmo. O homem de "idéias modernas", este ser orgulhoso, está supremamente descontente consigo mesmo, isto é indubitável. Sofre, mas sua vaidade exige que experimente apenas compaixão.

 

Toda virtude propende à imbecilidade. Não é à-toa que é usual dizer-se: "estúpido até a santidade".

 

No fundo todos os moralistas estão resolvidos a dar razão à moralidade, na medida  em que essa moralidade lhes será útil e não apenas à humanidade ou à utilidade pública ou à felicidade da maioria. 

 

Os seguidores dos sacroparasitas  querem demonstrar  que suas generosidades, suas compaixões não estão voltadas para conseguirem uma cadeira no parlamento do Céu !!! 

 

Nenhum desses animais de rebanho, pesados e de consciência inquieta - que pretendem  dissimular os seus interesses egoistas sob os do bem-estar geral -  quer entender ou pressentir , que o bem-estar geral não é um ideal, uma meta, um conceito que se possa formular claramente, mas sobretudo um meio de abrir uma passagem que permita apenas uma passagem e nada mais. 

 

O pretender uma única moral para todos tende precisamente a golpear os homens superiores. A existência de  diferenças de grau entre os homens gera por si só  um grau de diferenças entre as respectivas morais. Somente uma espécie de indivíduos muito modestos e medíocres em todos os sentidos e enfadonhos dão acolhida a esses valores, e não podemos louvar suficientemente a sua utilidade.

 
 
 
 

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ELES  GOSTAM DE AJUDAR OS  DESGRAÇADOS 

 
 
 

Quem não é se conforma com aqueles que também não são. 

 

Infeliz é a superioridade não baseada em substância. 

 

Nem toda personalidade ostentada é real. 

 

Existem impostores que concebem quimeras e dão à luz o engodo, e existem outros, similares a eles, que os incentivam e preferem a incerteza do logro, que é muita, à certeza da verdade, que é pouca. 

 

 

Por fim, seus caprichos acabam mal, porque não se baseiam na integridade. 

 

Só a verdade pode proporcionar uma verdadeira reputação, e só a substância é que lhe dá sustento. 

 

Um embuste exige muitos outros, e logo toda a construção medonha, fundada no ar, desmorona. 

 

Os disparates nunca chegam à velhice. 

 

Suas muitas promessas os tornam suspeitos, e suas provas os tornam impossíveis de aceitar.

 
 

BALTAZAR  GRACIAN

 
 
 
 

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SABER FAZER O BEM

 

Um pouco de cada vez, mas com freqüência. 

 

Não crie mais obrigações do que lhe possam retribuir. 

 

Aquele que muito dá não dá, vende. 

 

Não cobre agradecimentos, pois, vendo-se incapaz de agradecer, o devedor quebra a retribuição. 

 

Para perder amigos, basta obrigá-los demais; para não ter de pagar o favor, se afastam, transformando-se em inimigos. 

 

O ídolo não quer ver o escultor que o lavrou, e aquele que recebe um favor prefere não ver os olhos do benfeitor. 

 

Portanto, aprenda esta sutil lição sobre dar: que custe pouco e se deseje muito, para que se aprecie mais.

 

BALTAZAR GRACIÁN

 

 

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[...] Disse ainda dom Nicolò Leonico, para criticar um tirano que possuía falsa fama de generoso: 

 

“Pensai quanta generosidade tem este, que não só doa os seus bens como também os dos outros.” [...]

 

 

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[...] do mesmo modo que nem todos os que constroem são bons arquitetos, também aqueles que doam não são todos generosos porque a virtude nunca prejudica ninguém e existem muitos que:

 

 roubam para dar e são generosos com o que é dos outros; 

 

alguns dão a quem não devem e deixam ao abandono e miséria aqueles aos quais devem obrigações; 

 

outros dão de má vontade e quase com despeito, podendo-se ver que o fazem forçados; 

 

outros, além de não serem discretos, chamam testemunhas e quase apregoam sua generosidade; 

 

outros esvaziam loucamente num instante aquela fonte da generosidade a tal ponto que não mais podem recorrer a ela.

 

 Portanto, nisso como em outras coisas, é preciso saber se conduzir com prudência, necessária companheira de todas as virtudes, as quais por serem medianas acham-se próximas dos extremos, que sãos os vícios; daí, quem não sabe, facilmente se deixa levar por eles, porque, assim como no círculo é difícil encontrar o ponto central, que é o meio, assim também é difícil encontrar o ponto da virtude colocada no meio dos dois extremos, defeituosos um pelo excesso, o outro por falta, e somos inclinados ora para um , ora para outro; e isso se identifica pelo prazer e desprazer que em nós sentimos, pois por um deles fazemos aquilo que não devemos e pelo outro deixamos de fazer aquilo que deveríamos; embora o prazer seja muito mais perigoso porque facilmente o nosso pensamento se deixa corromper por ele. 

 

Mas, como é difícil saber  quanto se está distante do centro da virtude, devemos retirar-nos pouco a pouco de nós próprios até a parte oposta daquele extremo para o qual sabemos estar inclinados, como fazem aqueles que endireitam as madeiras tortas; pois de tal modo nos aproximaremos da virtude, a qual, conforme disse, consiste naquele ponto médio; daí resulta que erramos de várias maneiras e de uma só cumprimos nosso ofício e dever, como fazem os arqueiros, que numa só direção acertam na mosca e em muitas erram o alvo. [...]

 

Texto   extraído  do Livro “ O Cortesão”,  publicado pela primeira vez em 1528, de autoria de Baldassare Castiglione.

 
 
 

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E A FALSA  PIEDADE  

 

 

Um homem aristocrata forte diz:

 

isto me agrada, aproprio-me disto e quero protegê-lo e defendê-lo contra tudo e todos. Sente-se capaz de pelejar por uma causa, de levar a cabo uma resolução, de manter uma ideia, de punir e abater um temerário, um criminoso, e perto do qual  os fracos, os aflitos e oprimidos gostam de se refugiar, como seus tributários naturais, resumindo,  se um homem com este é tocado pela piedade, neste caso, a piedade tem um verdadeiro e grande valor.

 

Mas, que importa a piedade daqueles que por si sós inspiram piedade?  Ou daqueles que pregam a piedade porque no fundo sabem que vivem necessitados da piedade dos fortes, dos ricos, etc..

 

Em toda parte onde há cristão se encontra uma irritabilidade, uma sensibilidade mórbida pela dor e, ao mesmo tempo, uma incontinência excessiva no lamentar-se, uma efeminação que quer se dar um ar de superioridade escondendo a sua insegurança, a sua fraqueza, a sua inferioridade de personalidade, de caráter, de falta de virtudes para enfrentar a realidade da vida, sob o aspecto das “virtudes” da religião  do cristianismo, decretando-se um verdadeiro culto ao sofrimento.

 

A falta de coragem, de vontade, de virilidade para enfrentar a vida, foi batizada com o nome de  piedade

 

É necessário banir enérgica e radicalmente este mau gosto que já dura mais de dois mil anos

 


 
 

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ELES PRATICAM MUITO A DOAÇÃO

 

 

Contudo, a efetua de maneira ostentatória  porque esperam  uma retribuição.

 

Trata-se de um ato mercantil, um tráfico, e quem a recebe é quase sempre é vítima das feridas causadas pelo narcisismo e egoísmo do doador.

 

Esta é a forma mais comum de doação, é a caridade medida do burguês, feita em termos de conta bancária, dentro da qual ele pode sentir-se confortável, complacente e chamar a atenção dos poderosos.

 

A do religioso ‘bem comportado’, mas que no íntimo não passa de um fariseu ( um falso EU ) preocupado com as regras sociais que na essência resumem-se em um ‘toma lá, dá cá”, sempre  com o olho na recompensa ! 

Promovem  a caridade com o esforço (dinheiro) alheio, porque esperam ganhar em dôbro de Deus !!!

 

 

O TIPO DOADOR  CRITERIOSO

 

ESTE TIPO SE CONFUNDE MUITO COM OS VIGARISTAS

 

CUIDADO  COM  O  QUE  LHE  INSISTEM  EM  DAR   DE  GRAÇA

 

 

O que é oferecido de graça pode ser perigoso, pode ser um ardil ou ter ali uma intenção oculta de criar obrigação. 

 
 

Favores sem pagamento, mais tarde poderão lhe custar muito mais caro do que a quantia que poderia ter sido paga na época. 

 
 

Então, se tem valor, vale a pena pagar. Pagando você se livra de problemas de gratidão e culpa. Também é prudente pagar o valor integral – com a excelência não se economiza. Seja pródigo com seu dinheiro e o mantenha circulando, pois a generosidade é um sinal e um imã para o PODER.

 

Tudo deve ser julgado pelo seu custo e tudo tem um preço. A barganha esconde problemas materiais e psicológicos. O que se recebe de graça, ou a preço de banana, quase sempre vem com uma etiqueta de preço psicológico – sentimentos complicados de gratidão, concessões na qualidade, a insegurança originada por essas concessões, e outras coisas mais.

 

Os poderosos aprendem desde cedo a proteger o que têm de mais precioso: independência e espaço de manobra. Pagando o preço real, eles se livram de envolvimentos arriscados e preocupações. Aprenda a pagar, portanto, e bem.

 

Os cristãos, em questões de dinheiro, conhecem bem o quanto vale a falsa generosidade, o velho truque de ‘dar antes de tirar’. Presenteando de forma adequada, eles colocam a vítima em situação de devedora. A generosidade amolece as pessoas e, infelizmente, também para serem enganadas. Conquistando fama de pródigo, o "religioso"  ganha a admiração das pessoas sem deixar que elas percebam o interesse torpe. Esbanjando estrategicamente a caridade, eles encantam os outros, gerando prazer e fazendo preciosos aliados.

 

O pão-duro não é atraente. Quando envolvido no jogo da sedução, Casanova entregava-se totalmente, não só a si mesmo, mas também a sua carteira.  Os 'religiosos' 'caridosos' sabem que o dinheiro tem uma carga psicológica e que ele também é o veículo da polidez e da sociabilidade. Eles fazem do aspecto humano do dinheiro uma arma.

 

Ninguém fez isso melhor do que o charlatão de maior sucesso da nossa era, Joseph Weil, conhecido como “The Yellow Kid”. Desde cedo ele aprendeu que a ganância dos seus semelhantes é que tornava as suas fraudes possíveis.  Ele escreveu certa vez:

 

“Este desejo de conseguir alguma coisa de graça tem custado caro para muita gente que fez negócio comigo e com outros trambiqueiros.... Quando as pessoas aprenderem – e duvido que aprendam – que é impossível ter alguma coisa sem dar nada em troca, a criminalidade diminuirá e viveremos com mais harmonia”.

 

Durante vários anos, Weil inventou meios de seduzir as pessoas com a perspectiva do dinheiro fácil. Ele lhes oferecia terra ‘ de graça’ – quem resistiria a tal oferta? E depois os otários pagavam caro pelo ‘falso registro da venda !!! Como a terra era ‘de graça’ , pagar tanto por um documento parecia valer a pena. E Yellow Kid fez milhares de dólares com os registros falsos. Em outras ocasiões, ele falava de uma corrida de cavalos combinada, ou de uma ação que daria 200 por cento em poucas semanas, ou por uma pequena quantia vendia conselhos de como ficar milionário,.... A lógica é simples: As pessoas são essencialmente preguiçosas e preferem que o dinheiro lhes caia no colo a ter de trabalhar. A ganância é tão forte que as suas vítimas não enxergavam mais nada. Como dizia Yellow Kid, metade da graça está em dar um lição de moral ensinando que a ganância não compensa.

 

 

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Existe um provérbio no Japão que diz:

 

 "Tada yori takai mono wa nai" , ou seja: 

 

"Nada custa mais caro do que aquilo que é dado de graça".

 

 THE UNSPOKEN WAY. MICHIRIRO MATSUMOTO, 1988

 

 

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APRENDA A  DIZER NÃO AS OVELHAS E CORDEIROS DE DEUS,  SENÃO VOCÊ CAIRÁ  NAS ARMADILHAS  DOS SEUS INTERESSES  

 
 
 

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PRESTAR  ATENÇÃO A QUEM CHEGA COM SEGUNDAS INTENÇÕES

 

 

O astuto distrai a vontade do outro a fim de vencê-la. Uma vez hesitante, é fácil convencê-la. 

 

Dissimula as intenções para obter o que quer e se põe em segundo plano a fim de chegar primeiro. 

 

O tiro acerta em quem não toma cuidado. Permaneça alerta enquanto as intenções estão despertas. 

 

Quando as intenções se ocultam no segundo plano, redobre a vigilância para reconhecê-las

 

A cautela deve ficar atenta a fim de perceber o artifício com que chegam; observe os rodeios para chegar ao que querem. 

 

Eles propõem uma coisa e pretendem outra, voando em círculos com sutileza até atingirem o alvo de sua intenção. 

 

Cuidado pois com o que se concede

 

Às vezes, é melhor fazer os outros entenderem que você entendeu.

 

BALTAZAR   GRACIÀN,  A ARTE DA PRUDÊNCIA

 

 
 

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Foco é dizer "não"

 

Steve Jobs

 

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Não se pode conceder tudo a todos. 

 

Dizer não é tão importante quanto conceder, principalmente para aqueles que mandam. 

 

O que importa é como isso é feito. 

 

O não de alguns agrada mais do que o sim de outros; um não dourado satisfaz mais do que um sim lacônico. 

 

DIGA  "NÃO" AOS INTERESSES  ALHEIOS DE FORMA  EDUCADA

 

Muitos têm sempre o não na boca, e estragam tudo. 

 

O não é o que primeiro lhes ocorre. 

 

Podem ceder depois, mas não são estimados, porque já de inicio foram desagradáveis. 

 

Não se deve negar de chofre, que se saboreie a decepção pouco a pouco. 

 

Nunca negue nada por completo, os outros deixariam de depender de você.

 

Deve haver sempre resquícios de esperança para adoçar o amargor da recusa. 

 

Que a cortesia ocupe a lacuna deixada pelo favor, e que as boas palavras compensam a falta de ação. 

 

Não e sim são palavras breves, mas exigem uma reflexão prolongada.

 
 

BALTAZAR   GRACIAN

 
 

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AS OVELHAS E CORDEIROS  DE DEUS QUEREM FAZER CARIDADE, MAS  SOBRETUDO  PARECER  E  APARECER

 

As ovelhas e cordeiros de Deus sabem que as coisas não passam pelo que são, mas pelo parecem. 

 

Sobressair-se é saber mostrar-se, é valer o dobro. 

 

O que não se vê é como se não existisse. 

 

A própria razão não é venerada quando não exibe um rosto razoável. 

 

São mais numerosos os iludidos que os precavidos. 

 

O engano prevalece, e as coisas são julgadas pelo seu aspecto, raramente sendo o que parecem. 

 

Um bom exterior é a melhor recomendação da perfeição interior.

 

BALTAZAR  GRACIAN

 
 

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Ao contrário, há o povo judeu,  tão invejado pelos pobres e "humildes" e "solidários"  cristãos,  cujos ídolos  do Velho Testamento ( Rei Salomão, Rei Davi ) representavam pessoas de coragem, que conquistaram ( não ganharam de Deus ) com muito sangue, suor e lácrimas ( trabalho )  a sua sorte, a sua prosperidade e não esconderam hipocritamente os seus desejos de riqueza e o conforto, paz, tranquilidade, segurança e liberdade que a riqueza ( o dinheiro ) possibilita. 

 
 

 Não eram Deuses que cultuavam hipocritamente  a pobreza, por falta de amor próprio, falta de auto estima ou insegurança na capacidade própria, no onde pode chegar com o esforço próprio.  

 

O culto hipócrita à pobreza, eis uma marca registrada dos cristãos, seguidores do novo testamento!!

 
 
 

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REGRA  PARA TER A SORTE DOS JUDEUS

 

A sorte tem suas regras, e para os sábios ela não é tão cega.

 

A sorte conta com a ajuda do esforço.

 

Alguns se contentam em se colocar confiantes à porta da deusa, esperando que ela aja.

 

Outros são mais sensatos, e vão além com uma audácia cautelosa.

 

Amparada pela coragem e pela virtude, a audácia espreita a sorte e a adula com determinação.

 

Quem pensar direito, porém, terá eficazmente um único plano de ação:

 

virtude e prudência; pois a sorte e o azar se acham na prudência ou na precipitação.

 

Baltazar Gracian – A  Arte da Prudência

 
 

 

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SABER FAZER O BEM

 

Um pouco de cada vez, mas com freqüência. 

 

Não crie mais obrigações do que lhe possam retribuir. 

 

Aquele que muito dá não dá, vende. 

 

Não cobre agradecimentos, pois, vendo-se incapaz de agradecer, o devedor quebra a retribuição. 

 

Para perder amigos, basta obrigá-los demais; para não ter de pagar o favor, se afastam, transformando-se em inimigos. 

 

O ídolo não quer ver o escultor que o lavrou, e aquele que recebe um favor prefere não ver os olhos do benfeitor. 

 

Portanto, aprenda esta sutil lição sobre dar: que custe pouco e se deseje muito, para que se aprecie mais.

 

BALTAZAR GRACIÁN

 

 

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[...] Disse ainda dom Nicolò Leonico, para criticar um tirano que possuía falsa fama de generoso: 

 

“Pensai quanta generosidade tem este, que não só doa os seus bens como também os dos outros.” [...]

 

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[...] do mesmo modo que nem todos os que constroem são bons arquitetos, também aqueles que doam não são todos generosos porque a virtude nunca prejudica ninguém e existem muitos que:

 

 roubam para dar e são generosos com o que é dos outros; 

 

alguns dão a quem não devem e deixam ao abandono e miséria aqueles aos quais devem obrigações; 

 

outros dão de má vontade e quase com despeito, podendo-se ver que o fazem forçados; 

 

outros, além de não serem discretos, chamam testemunhas e quase apregoam sua generosidade; 

 

outros esvaziam loucamente num instante aquela fonte da generosidade a tal ponto que não mais podem recorrer a ela.

 

 Portanto, nisso como em outras coisas, é preciso saber se conduzir com prudência, necessária companheira de todas as virtudes, as quais por serem medianas acham-se próximas dos extremos, que sãos os vícios; daí, quem não sabe, facilmente se deixa levar por eles, porque, assim como no círculo é difícil encontrar o ponto central, que é o meio, assim também é difícil encontrar o ponto da virtude colocada no meio dos dois extremos, defeituosos um pelo excesso, o outro por falta, e somos inclinados ora para um , ora para outro; e isso se identifica pelo prazer e desprazer que em nós sentimos, pois por um deles fazemos aquilo que não devemos e pelo outro deixamos de fazer aquilo que deveríamos; embora o prazer seja muito mais perigoso porque facilmente o nosso pensamento se deixa corromper por ele. 

 

Mas, como é difícil saber  quanto se está distante do centro da virtude, devemos retirar-nos pouco a pouco de nós próprios até a parte oposta daquele extremo para o qual sabemos estar inclinados, como fazem aqueles que endireitam as madeiras tortas; pois de tal modo nos aproximaremos da virtude, a qual, conforme disse, consiste naquele ponto médio; daí resulta que erramos de várias maneiras e de uma só cumprimos nosso ofício e dever, como fazem os arqueiros, que numa só direção acertam na mosca e em muitas erram o alvo. [...]

 

Texto   extraído  do Livro “ O Cortesão”,  publicado pela primeira vez em 1528, de autoria de Baldassare Castiglione.

 

 

 

Que estas informações ajudem ao leitor a não se deixar induzir em erro.

 

Boas reflexões a todos !