DA  PROSTITUIÇÃO

 

 

Assim Monsieur Mauclair analisava as atitudes dos homens com relação às prostitutas:

 

"Nem o amor de uma amante apaixonada porém bem-educada nem o seu casamento com uma mulher a quem respeite podem substituir a prostituta para o animal humano naqueles momentos de perversão em que ele anseia pelo prazer de se degradar, sem afetar o seu prestígio social.

 

Nada substitui esse bizarro e intenso prazer de ser capaz de dizer tudo, fazer tudo, profano e paródia, sem temer punição, remorso ou responsabilidade.

 

É uma total revolta contra a sociedade organizada, o seu EU organizado e educado e, especialmente, a sua religião.

 

"Monsieur Mouclair ouve o chamado do Demônio nesta paixão sombria poetizada por Baudelaire.

 

"A prostituta representa o inconsciente que nos permite colocar de lado nossas responsabilidades."

 

Nina Epton, Love and The French

 

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A baixeza atrai a todos

 

Johan Wolfgang Goethe

 

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Sociedade e cultura baseiam-se em limites - este tipo de comportamento é aceitável, aquele não. 

 
 

Os limites são fluidos e mudam com o tempo, mas há sempre limites. 

 
 

A alternativa é a anarquia, a indisciplina da natureza, que tememos. 

 
 

Mas somos animais estranhos: assim que um limite qualquer é imposto, física ou psicologicamente, ficamos na mesma hora curiosos. 

 
 

Uma parte de nós quer avançar além desse limite, explorar o que é proibido.

 

 

Se, quando crianças, nos dizem para não passarmos de um certo ponto no bosque, é lá exatamente que queremos ir. 

 
 

Mas crescemos e nos tornamos polidos e diferentes; uma quantidade cada vez maior de limites complica as nossas vidas. Mas não confunda polidez com felicidade. 

 
 

Ela encobre a frustração, concessões indesejadas. 

 
 

Como explorar o lado obscuro da nossa personalidade sem incorrer em punição ou ostracismo? 

 
 

Ele vaza em nossos sonhos. 

 
 

Quem nunca acordou com uma sensação de culpa pelo assassinato, adultério, violência que aconteceu em nossos sonhos !

 

 

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A vontade que o espírito demonstra em muitas ocasiões de deixar-se enganar, talvez com um pressentimento irônico que a coisa não seja mesmo assim num dado momento, mas que se deseja que sejam assim num dado momento, a satisfação de se mover na incerteza e no equívoco, um sentimento de júbilo interior pelo restrito e secreto de um desvão, por aquilo tudo que é demasiado próximo ao "proscênia", por tudo aquilo que é aumentado, diminuído, embelezado, afastado, uma satisfação pela arbitrariedade de todas estas manifestações de força.

 

 

Enfim qual a necessidade de considerar aquela premência inquietante que possui o espírito de enganar outros espíritos e de simular diante do mesmo a pressão, a centelha perene de uma força criadora, plasmadora, e mobilíssima ? Com isso o espírito saboreia a volúpia da multiplicidade - precisamente suas artes de Proteus são sua melhor defesa e esconderijo !!

 

 

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Corações e olhares viajam por caminhos que sempre lhes deram alegrias e, se alguém tenta estragar a brincadeira, só os fará ainda mais apaixonados, sabe Deus (...) assim foi com Tristão e Isolda. 

 
 

 Assim que tiveram proibidos os seus desejos e foram impedidos de gozar um ao outro por espiões e guardas, começaram a sofrer intensamente. 

 
 

O desejo agora os atormentava seriamente com sua magia, muitas vezes pior do que antes; a necessidade que um sentia do outro era mais dolorida e urgente do que nunca.

 

 

As mulheres fazem muitas coisas só por serem proibidas, que certaamente não fariam se não fosse assim.(...).  

 
 

Deus Nosso Senhor deixou Eva livre para fazer o que quisesse com todos os frutos, flores e plantas existentes no Paraíso, exceto um que lhe proibiu de tocar sob pena de morte.(...) .

 

 

Ela pegou o fruto e desobedeceu o mandamento de Deus (...) mas hoje acredito firmemente que Eva não teria feito isso se não lhe fosse proibido.

 

 

GOTTFRIED VON STRASSBURG, TRISTAN UND ISOLDE, CITADO EM ANDREA HOPKINS, THE BOOK OF COURTLY LOVE.

 

 

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Um dos amigos de Monsieur Leopond Stern alugou um pied-à-terre de solteiro onde recebia sua esposa como se fosse uma amante, servia-lhe vinho do Porto e petit-fours e "experimentava toda a picante excitação do adltério". 

 
 

Ele contou a Stern que era uma deliciosa sensação de estar corneando a si mesmo.

 

Nina Epton, Love and The French

 

 

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Textos extraído do livro "A Arte da Sedução" do escritor Robert Greene com adaptações