Sobre os encontros sociais com colegas de trabalho sobretudo de organizações com uma escala hierárquica rígida de poder e vantagens pessoais.
Das razões de elaborar este texto explicativo:
Diversas vezes me aconteceu sentir, durante momentos de reflexão sobre o comportamento social em ambiente de trabalho, público e privado, algum mal estar causado pela forte recordação dessa triste aventura ou pela fadiga suportada pelos meus órgãos postos no dever de pormenorizar as respectivas circunstâncias narradas de forma que as pessoas de minha amizade, dignas de respeito, pudessem captar com o auxílio de sua imaginação o lado emocional dos fatos.
Então, a fim de eximir-me do castigo de repetir a minha experiência elaborei este texto com a minha visão crítica do assunto.
Assim vejamos:
No passado, o poder estava nas mãos de um rei e um punhado de seus vassalos. Com o passar dos séculos, o poder nas organizações públicas e privadas foi se tornando cada vez mais difuso e democratizado, espalhado e distribuído entre muitas pessoas. Entretanto, o poder mudou em número, mas não em essência ...pois nesta área a natureza humana não muda.. No mundo contemporâneo, os poucos tiranos poderosos do passado foram substituídos por milhares de outros pequenos cujo interesse pelo Poder, vestidos pelos seus vários disfarces a fim de esconder o interesse de gravitarem apenas na órbita dos próprios interesses subjugando e silenciando seus opositores, nunca utilizando-o para promoverem o bem comum ainda que investidos em cargos de chefias, gerências, diretorias, de empresas privadas ou órgãos públicos
As regras nas relações interpessoais em um ambiente rigidamente hierarquizado ainda reflete em parte as relações sociais existentes outrora na aristocracia medieval e renascentista porque sempre haverá autoridades governando 'reinos' menores e, sem consciência ética, impondo a sua vontade indiretamente com arrogância, falta de educação e respeito, sem bom senso, com ameaças veladas, etc.. apoiados pelo seu poder discricionário tais como: de distribuir funções com mais ou menos vantagens pessoais, autorizar períodos de férias, de licença-prêmio, de determinar o local de trabalho, de demitir, de contratar, de aceitar ou recusar fulano ou beltrano, etc..
Viver na ilusão de que este tipo de situação não existe é cometer intermináveis enganos, desperdiçar tempo e energia contra si próprio.
O melhor é considerar que em todo ambiente social submetido ao controle hierárquico há sempre muito espaço para a prevalência do Poder pessoal sobre o convencimento pelo conhecimento; da suspeita sobre a confiança; da coerção sobre a cooperação. As "amizades" e as melhores ações são sempre suspeitas; as conversas sempre com muita cautela; os melhores sentimentos, tratados como equívocos e bajulações.
As atitudes interpessoais são influenciadas mais pela função hierárquica que a pessoa ocupa, mais especificadamente, pelo prejuízo que ele pode acarretar a outrem, do que pela própria natureza do seu ocupante.
Os relacionamentos são com a importância das funções, não importando quem as ocupa.
Se a função é importante na escala hierárquica, quem a ocupa também é e vice-versa.
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O culto oculto à ‘autoridade’ , no final das contas, resulta em:
1º. Nas relações com desigualdade de poder, o vírus do orgulho contagia em frações de segundo o cérebro daquele que se considera superior de modo que normalmente se comportam como soberanos críticos das ações alheias, desprovidos de autocrítica e de não conhecerem a arte da dúvida alheia, são calmos quando sentem retorno aos seus interesses íntimos, mas vingativos quando lhes turvam as suas expectativas. Quando alguém lhes aponta um erro, qualquer falha mínima que possam ter cometido, julgam precipitadamente, criticam sem se colocar no lugar de quem trabalha, mudam de cor, de humor, tornam-se indignados, consideram um sinal de desrespeito, irreverência, motivo de escândalo, passam a considerar o subordinado como perigoso porque tentou inovar, mudar, questionar o 'status quo' ou porque assumiram com coragem suas responsabilidades. E aí, passam a planejar se livrarem destes o mais rápido possível, punindo-os, difamando-os, caluniando-os,.... Creiam, o canibalismo não foi extinto na atualidade, apenas assumiu outras formas dissimuladas. Ainda tenta-se a anulação alheia em nome de dogmas, da nação, religião, ideologia, raça, teoria científica, e muitos outros 'nobres' motivos...
2º. Todos conhecem o ditado que diz: "só conhecemos alguém quando lhe damos algum poder". Comumente, a autoridade pensa que seu poder é maior se for despótico, que não precisa dialogar para equilibrar. Muitos adoram ser "inspetores de alunos", impondo seus desejos sem mensurar o certo e o errado e vendo moinhos onde não existem!!
3º. As pessoas por necessidade de acautelarem-se de uma pessoa investida de ‘autoridade’ substituem o falar natural por uma excessiva discrição e prudência." Os mais dignos, preferem calar-se a falar o que a autoridade quer ouvir; Outros, quando pusilânimes e pelegas, ainda se tornam submissos e banais substituindo um diálogo sincero e espontâneo por declarações desnecessárias empoladas de falsas concordâncias, cheias de ‘floreios’, etc.. a fim de não causar desagrado à ‘autoridade’ por uma opinião contrária, crítica ou de reprovação, haja vista aqueles serem comumente cheios de melindres com qualquer contrariedade.
4º. É quase regra no ambiente hierarquizado que a autoridade considere ser o único a ter o direito e a necessidade de oferecer suas ideias e pontos de vistas não permitindo a reciprocidade. Em geral consideram-se Deuses à procura de servos , movidos pelo desejo de sentirem-se acimas de seus pares, querem ser líderes de bajuladores, são toscos, agressivos, rudes, reagem sem pensar, sem qualquer traço de altruismo e nem sombra de resiliência ou de respeito à dúvida alheia. É comum demonstrarem desaprovação de forma velada com uma postura corporal negativa tais como não demonstrando atenção e paciência com o interlocutor, interrompendo-o ou completando as suas frases; não olhando diretamente para o interlocutor e respondendo-lhe olhando para baixo, para os lados ou para o alto, quando não ainda com ironia ou sarcasmo tudo apenas para demonstrar que a opinião não é desejada. Eles querem que os outros sejam da maneira que estipulam. Com frequência procuram clones e se cercam de "vacas de presépio" pessoas por quem não se sentem desafiados, mais fracas do que ela.
5º. Nietzsche dizia que “enganar os outros é um defeito relativamente insignificante porque o que nos transforma em monstros é o autoengano. Uma forma de mentirmos para nós mesmos é imaginar que estamos sempre certos e que o resto do mundo está errado. Por conseguinte, para o ser humano em geral e especialmente para a ‘autoridade’ , é muito mais fácil concluir que os outros estão errados do que aceitar o próprio erro. As únicas opiniões aceitas são as inofensivas aos interesses da autoridade e as idiotas. Nada é mais ofensivo do que a mais pura e simples verdade altruista. Troca-se a diversidade de opinião pela unanimidade confortavelmente burra.
6º. A submissão à autoridade na forma de obediência automática, do servilismo desnecessário, é a ação preferida no ambiente social hierarquizado e, nestes termos, não são poucos aqueles dispostos a adotarem opiniões que reflitam os gostos do ‘governante’.
Observar e deduzir de modo diferente ao da autoridade é considerado afronta.
7º. O clima organizacional hierarquizado faz com que as pessoas que venerem a verdade, desejem o bem alheio, pratiquem o altruísmo, sejam tachados de insubmissos, radicais e outros adjetivos da espécie e isto porque expõem de forma contundente a inação, a omissão e as falhas da autoridade que sempre tem um lado autoritário mal resolvido que buscam compensar com o prejuízo alheio. Em face disso, as autoridades procuram subordinados que repitam suas ideias , que obedeçam as ordens sem pensar, subordinados 'autômatos' e odeiam os que pensam e as debatam ainda que para o bem comum. Embora seja uma regra geral ter cautela para questionar a autoridade, para expressar os pensamentos, os mais ‘queridos’ são os que fazem o papel de servos do sistema hierárquico, que apenas obedecem as ordens, que não tem compromisso com o todo da organização, mas apenas alvo ou metas próprias. Os mais odiados são os altruístas pró-ativos, estes são ameaçados, criticados e injustiçados, tornam-se vítimas da ditadura da resposta vingativa da autoridade.
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Quem nunca viu alguém abanando o rabinho e babando sempre que vê o chefe? E que, depois que viram um(a) execãotivo(a) passam a exigir o mesmo cãoportamento de seus cãolaboradores ?
Uma variante do tipo são os "capachos".
São aqueles que servilmente imitam o chefe; são incapazes de mostrar uma idéia própria.
São os mais adorados porque ficam como uma macaca pulando na frente de câmeras implorando pela atenção do superior hierárquico, enquanto fazem declarações pseudo engraçadas e, como pseudo ídolos da autoridade, se ridicularizam para fins de agradá-los.
Portanto, mais cuidado ainda com esses bajuladores porque desejarão a bajulação alheia em dose muito acima do que bajularam
A seguir descrevo uma fábula inspirada nessas pessoas!
OS DOIS CÃES
BRABOS , o fiel cão de guarda que serve ao seu senhor com dedicação, vê sua velha amiga “JOUJOU”, a cadelinha de estimação de pêlo encaracolado da cor de neve, sentada na janela sobre uma macia almofada de penas.
Sorrateiro, ele se aproxima afetuosamente; e ali, na chuva, debaixo da janela, abana o rabo e saltita. “ Que vida você leva agora JOUJOU, desde que o senhor a levou para a sua mansão? Você deve se lembrar, sem dúvida, de como passávamos fome no pátio. Como é o seu serviço atualmente ?
“ Seria um pecado reclamar da minha sorte”, respondeu "JOUJOU”. Meu senhor me dá toda a atenção possível. Vivo na riqueza e na abundância, e, como e bebo em peças de prata. Brinco com o senhor e, se fico cansada, descanso sobre tapetes ou numa almofada macia. E como você está ?
“Eu?”, responde BRABOS, deixando cair a cauda como um chicote, baixando a cabeça, “Vivo como costumava viver. Passo frio e fome; e aqui, enquanto guardo a casa do meu senhor, tenho que dormir encostado no muro, fico encharcado na chuva e se começo a latir na hora errada sou chicoteado.” .Mas como você – JOUJOU – tão pequena e fraca, conseguiu cair nas graças do senhor, enquanto eu me esfolo inutilmente ? O que você faz?
“ O que eu faço ?, é uma boa pergunta ! respondeu JOUJOU, com ar de zombaria. “ Eu ando sobre as patas traseiras.” Aqui entre os senhores é igual as árvores aí do quintal: “As melhores árvores retas são cortadas, as retorcidas permanecem de pé.”
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7º. O ambiente organizacional hierarquizado faz com que o respeito dispensado à autoridade tenha sempre a fama de interessado e nunca genuíno, quando não se torna dispensado apenas àqueles com posição de autoridade. Portanto, faz-se necessário economizar os sinceros elogios, as sinceras opiniões de ajuda, etc.. Enfim, a sinceridade de modo geral é algo muito perigoso.
Face a essas premissas, todo ambiente de trabalho hierarquizado torna-se vazio de amizades ( confiança, espontaneidade, verdade, sinceridade, naturalidade, ... ) pois ninguém deseja arriscar-se a fazer a autoridade ou até mesmo qualquer outro a enxergar os próprios equívocos a fim de afastar de si os possíveis prejuízos pela sincera e honesta conduta altruista. Não é possível um comportamento autêntico e, por isso, não é possível a existência de amigos que são pessoas em que confiamos e, por isso, diante das quais podemos nos comportar de forma autêntica e que nos ajudam a vencer os obstáculos da vida fazendo-nos enxergar onde estamos equivocados e vice-versa.
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Os verdadeiros amigos assinam um pacto de nobreza em relação a todos os aspectos do destino humano.
Sobre isso, Voltaire afirmou:
A amizade é um contrato tácito entre duas pessoas sensíveis e virtuosas.
Sensíveis porque um monge ou um solitário podem ser pessoas de bem e mesmo assim não conhecer a amizade.
E virtuosas porque:
os criminosos só têm cúmplices;
os festeiros, companheiros de farra;
os ambiciosos, sócios;
os políticos, os partidários ao seu redor;
os vagabundos, contatos;
os príncipes, cortesãos;
os trabalhadores, colegas de trabalho;
os estudantes, colegas de estudo;
os familiares, parentes;
os adúlteros, cúmplices;
não raro: maridos, meras esposas e vice-versa
(...)
mas só as pessoas moralmente virtuosas têm amigos.
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A preferência de não participar de festas da instituição de trabalho pode não ser nada pessoal com “A” ou “B” e, ainda que possa ser ou que fosse, trata-se, antes de tudo, de afastar-se de condutas comportamentais com base em aspectos sociais acima citados, existentes em qualquer ambiente hierarquizado público ou privado que por sua natureza possibilitam a amplificação das mazelas do caráter.
A vida é assim mesmo e não se pode fazer nada para mudá-la. É muito melhor lidar de forma inteligente com o mundo do que lutar contra ele. Festas são boas com pessoas vivas e não com cadáveres ou vivo-mortos. Brincar de marionete ou de cego, surdo e mudo, só mesmo forçado no horário de trabalho cumprindo o papel de não cumprir papel nenhum, pensando muito antes de falar, observando muito e não se envolvendo com nada, não questionando para não por a cabeça a prêmio, embora o risco sempre exista até para os que mantêm a opinião contida na cabeça, basta ser um invejado e, para isto, basta ter mérito.
É certo que a total liberdade de expressão é uma impossibilidade social e em qualquer tipo de ambiente; portanto, todos devem esconder ou mostrar os verdadeiros sentimentos de modo atenuado, educado, dizendo aos irritadiços e inseguros o que quiser mas prestando atenção para não ofendê-los até porque existem pessoas com ideias e valores tão aceitos sobre os quais é inútil discutir e as pessoas sempre acreditarão no que querem acreditar.
Ainda assim, perplexo com o fenômeno psicológico da influência no comportamento interpessoal por um símbolo de autoridade , acredito que ‘happy hour’ aqui, um ambiente informal acolá, com os mesmos personagens do dia-a-dia do trabalho, torna-se apenas um prolongamento do inconveniente artificial do ambiente social do trabalho porque o comportamento teoricamente esperado de um relacionamento social com naturalidade e leveza são aspectos psicológicas totalmente incoerentes com as exigidas no convívio no ambiente de trabalho hierarquizado.
Mas, de qualquer forma, com base nestas premissas, fim-de-semana eu sugiro a opção pela PAZ, onde a igualdade, espontaneidade, a sinceridade e a verdade prevaleçam o máximo possível entre as pessoas naturalmente afins, lembrando ainda que devemos considerar a personalidade como um grande edifício do qual a maioria conhece apenas a fachada uns dos outros, caso contrário, não é descanso, mas sim uma continuidade psicológica do trabalho.
Portanto, com base na citada autocrítica , a fim de preservar a saúde psíquica, a consciência e a tranquilidade; de evitar-se condutas autodestrutivas e não desperdiçar energia por conta da ansiedade, sugiro aos que não são adeptos da hipocrisia ( os politicamente corretos, aqueles que só falam o que o interlocutor quer ouvir independentemente se acreditam ou não no que falam ou se seria bom ou mau para o interlocutor ) , do peleguismo, da pusilanimidade e que almejam melhorar na vida sem perder a dignidade, recomendo que cuide do descanso, NECESSARIAMENTE, longe do seu ambiente de trabalho hierarquizado.
Como diz o ditado popular: “Se ficar olhando muito tempo para o abismo, o abismo olhará para você” é preciso que o trabalhador dedique também tempo para “esvaziar o seu copo ( necessariamente longe do ambiente de trabalho ) para que possa voltar a enchê-lo”.
Para chegar a ser sábio, é preciso querer experimentar certas vivências, mas isso é muito perigoso. Muitos sábios foram devorados nessa tentativa.
LEMBRE-SE DE QUE A SUA AUSÊNCIA PROLONGADA SERÁ INTERPRETADA COMO DESPREZO E ISTO É TÃO CERTO QUANTO MUITOS "amigos" SE INCUMBIRÃO DE FAZER A SUA AUSÊNCIA SER NOTADA DE FORMA PEJORATIVA, PORTANTO, VOCÊ ALGUMA VEZ TERÁ QUE APARECER, ENTÃO:
EIS ALGUMAS REGRAS INDISPENSÁVEIS NA RELAÇÃO SOCIAL NO TEATRO DAS FESTAS COM AS "AUTORIDADES" E COM SEUS PARES, ESPECIALMENTE COM OS 'POLITICAMENTE CORRETOS" , CUJA AMBIÇÃO ESTÁ ACIMA DE QUALQUER ESCRÚPULO.
OS SOCIOPATAS FORA DOS MANICÔMIOS SÃO MAIS PERIGOSOS DO QUE OS DO MANICÔMIO.
ESTES, SABE-SE CLARAMENTE QUEM SÃO E COMO AGEM, AQUELES DEMORA-SE A DESCOBRIR.
SÃO ESPECIALISTAS NA ARTE DO ENGANO
SAIBA TAMBÉM QUE LOBOS NUNCA SERÃO AMIGOS DE OVELHAS E OVELHAS NÃO DEVEM PERDER TEMPO QUERENDO DOMESTICAR LOBOS
PERSONAGENS DO TRABALHO COMUMENTE ENCONTRADOS EM AMBIENTES FESTIVOS
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Não critique ninguém, já que inevitavelmente ele se colocará na defensiva, se justificará, não acreditará e, além disso, ficará com raiva de você.
Obtêm-se resultados melhores nas relações sociais com falsos elogios de forma inteligente em vez de censurar.
As pessoas mais populares são as que deixam seus interlocutores falarem, fingem interesse em ouví-los e não se interessam sinceramente por nada do que falam.
Você fará mais “amigos” em dois meses não se interessando pelos problemas alheios do que em dois anos tentando fazê-las se interessarem por suas verdades que lhe fariam bem.
Qualquer idiota é capaz de criticar, condenar e se queixar, e a maioria já faz isso muito bem, não precisam da sua ajuda.
Nunca se explique e nunca se queixe sobre seus assuntos particulares; nunca confie em ninguém para emitir juízo de valor depreciativo sobre pessoas ou a organização em que trabalha.
As organizações públicas ou privadas são um caldeirão de ressentimentos e inveja, onde o azedume de uma única pessoa invejada resmungando rapidamente vira uma conspiração.
Ninguém quer saber dos seus problemas e dificuldades. Ouça as queixas dos outros, mas não cometa o erro de falar das suas. Ofereça ilusão e mito, ao invés de realidade.
Não fomente antagonismos e diante de pessoas agressivas, recue, deixe que elas tenham suas pequenas, insignificantes e desprezíveis vitórias. Jamais demonstre raiva, mau humor ou sentimento de vingança. Todas as emoções violentas deixarão as pessoas na defensiva e elas poderão ainda usá-las contra você.
As pessoas narcisistas sentem-se atraídas por quem mais se parece com elas. De a impressão de compartilhar os seus valores e gostos, de compreender o seu espírito e elas ficarão fascinadas.
Saia de perto dos vampiros emocionais sádicos, anti-sociais, passivos-agressivos e dos obscessivos-compulsivos. Não perca 1 segundo em contato com quem você considerar ordinário. mas não deixe que eles percebam o seu desprezo. Lembre-se do espelho.
Em sociedade, não pense; fique sempre vigilante, ou perderá muitas oportunidades e dirá muitas coisas desagradáveis. Lembre-se sempre de que as palavras foram feitas para esconder o pensamento e não para mostrá-lo.
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O ESPELHO
Seu espírito ergue um espelho para os outros.
Ao verem você, estão se vendo: seus valores, seus gostos, até suas falhas.
O eterno caso de amor deles com a própria imagem é confortável e hipnótico.
Então, alimente-o. Ninguém vê o que acontece por trás do espelho.
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ALGUNS EXEMPLOS CARICATURADOS ILUSTRATIVOS DE OCORRÊNCIA EM ORGANIZAÇÕES QUE DE FORMA SUTIL, MAIS DISSIMULADA, AINDA EXISTE NOS DIAS ATUAIS.
DA CAUTELA COM QUEM ESTÁ OU NÃO NO PODER
Bem diziam os sábios distantes da corte: “o exercício das funções públicas demonstra quem são os homens, pois, como os vasos enquanto estão vazios, embora tenham algumas fissuras, não podem ser bem avaliados, contudo, se for colocado um líquido dentro deles logo mostram onde está a falha; igualmente os espíritos viciados raras vezes revelam seus defeitos, exceto quando se enchem de autoridade; porque aí não são capazes de suportar o grave peso do poder e por isso vazam por toda parte a soberba, a ira, a insolência e aqueles costumes tirânicos que trazem dentro de si; daí, sem escrúpulos, perseguem os bons e os sábios e exaltam os maus, não admitem que existam amizades, grupos, camaradagens entre cidadãos, mas estimulam os espiões, delatores, sicários, para que assustem e tornem os homens pusilânimes, e disseminam a discórdia para mantê-los divididos e fracos; e desses procedimentos resultam inúmeros danos e desastres para os míseros povos e, frequentemente, morte cruel ou pelo menos temor contínuo para os próprios tiranos que quanto maior o número de pessoas que comandam e quanto mais poderosos, paradoxalmente, mais temem e os inimigos, sobretudo os do tipo falsos amigos.”
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Certa vez, registraram a conversa em um almoço entre um súdito e um ministro do rei: O ministro fala: Eu poderia espremer você como um inseto, há, há, há, há! Quero que saiba que sou um cara comum; Ah, Ah Ah! sem dúvida ganho mais, trabalho menos e tenho uma sala bonita e mais confortável....; E, é claro, sou muitíssimo mais ardiloso, quero dizer, inteligente! O rei promove esses almoços para descobrir o que os súditos estão pensando, pode falar a vontade. O súdito responde: tudo bem.. parece que está faltando liderança e direção na corte. Os cortesãos amigos do rei são sempre cheias de melindres, não podem ouvir uma pequena crítica, são pelegos do rei, pusilânimes e reprimem todas as iniciativas ameaçando quem se arrisca a expressar suas opiniões; os subordinados deveriam ser tratados com respeito, dando importância ao que fazem, criando uma atmosfera de confiança e mantendo a motivação. Eu acho que as coisas não precisavam ser do jeito que são.. O ministro responde: Você não me dá outra escolha senão jogar esta batata gratinada na sua testa. O súdito responde: E olha que você não é dos piores !
Em resumo: as únicas sugestões aceitas eram aquelas inofensivas aos interesses do rei, dos seus amigos e as idiotas. Nada era mais desmotivante e ofensivo aos cortesãos amigos do rei que a mais pura e simples verdade. As instruções sobre assuntos polêmicos eram praticamente verbais a fim de que o cortesão amigo do rei que a ordenou pudesse desmenti-la, se necessário e acusar o executor de “pessoa inconveniente à corte” e talvez maluco.
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As festas terminavam com um discurso do rei que reiterava aos seus duques, condes, marqueses, etc..e estes reiteravam para os seus respectivos súditos que uma só cabeça anima milhares de corpos, mostrando nitidamente que os seres humanos não passam de máquinas descartáveis. Em suma, a submissão à autoridade era a ação preferida no ambiente social da corte e, nestes termos, só eram prestigiados aqueles dispostos a adotarem a obediência automática porque a corte deveria refletir os gostos do governante.
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O homem que conhece a corte é senhor dos seus gestos, dos seus olhos e do seu rosto; ele é profundo, impenetrável; ele dissimula maus ofícios, sorri para os inimigos, controla sua irritação, disfarça suas paixões, desmente o seu coração, fala e age de modo diferente do que está sentindo.
Jean de La Bruyère, 1645 - 1696
Entenda "Corte" como organização de trabalho
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UMA ÚLTIMA SUGESTÃO
Pense no conforto de ser fiel às suas idéias a ter uma divida impagável com sua própria consciência. Para auxiliá-lo nessa árdua tarefa, desenvolva o atributo da resiliência que lhe possibilitará sobreviver ao canteiro de violência em que cada dia mais se converte a sociedade brasileira, quem sabe a humanidade, especialmente nos ambientes sociais de poder hierarquizado e benefícios pessoais absurdamente díspares e imorais.
Na vida privada, nas profissões autônomas, ainda há lugar para o sucesso ligado diretamente a um elevado caráter.
O indivíduo educado é aquele que aprendeu a conseguir o que lhe é necessário sem violar os direitos alheios. A educação vem de dentro. Consegue-se com empenho, esforço e propósito.