DA  FALSA  APARÊNCIA

 

Se  você acha que trapaceiros são aquelas pessoas pitorescas que iludem com mentiras elaboradas e histórias incríveis, está muito enganado. Os piores impostores são os que utilizam uma fachada suave e invisível que não chama atenção para a sua torpe intenção. Eles sabem que gestos e palavras extravagantes levantam logo suspeita. Pelo contrário, eles envolvem  o seu objetivo numa aura familiar, banal, inofensiva, em suma criam uma 'cortina de fumaça' ilusória para desviar a atenção dos seus verdadeiros objetivos.

 
O CADEADO SERVE PARA PROTEGER O COFRE DOS CAVALHEIROS E NÃO DOS BANDIDOS.
DITADO CHINÊS
 
 

A RIQUEZA E AS AMIZADES

 

O MESTRE E O SERVO:  

Um rei estava muito feliz com um de seus servos. Ele era muito devoto, totalmente devoto ao rei e estava sempre disposto a sacrificar a sua vida pelo rei. O rei estava imensamente feliz e muitas vezes o servo havia salvo o rei, arriscando sua própria vida. Ele era o guarda-costas do rei.

 

Um dia o rei estava se sentindo tão feliz com o homem que lhe disse: “Se você quiser alguma coisa, se tiver algum desejo, diga-me que o satisfarei. Você fez tanto por mim que nunca poderei mostrar minha gratidão e nunca poderei recompensá-lo, mas hoje gostaria de satisfazer qualquer um de seus desejos, seja ele qual for."

 

O servo disse: "Você já me deu muito. Sinto-me abençoado só de estar sempre com você – não preciso de nada."

 

Mas o rei insistiu e, quanto mais o servo dizia que não havia necessidade, mais o rei insistia. Finalmente o servo disse: "Então, tudo bem. Permita que eu seja o rei por vinte e quatro horas e seja você o meu guarda".

 

O rei ficou um pouco apreensivo, com medo, mas era um homem de palavra e precisava satisfazer o desejo. Assim, comprometeu-se a tornar-se o guarda por vinte e quatro horas, e o guarda se tornou rei. E você sabe o que o guarda fez? A primeira coisa que ele fez foi ordenar que o rei fosse morto!

 

O rei disse: "O que você está fazendo?"

 

Ele respondeu: Fique quieto! Você é simplesmente um guarda e nada mais do que isso. Esse é o meu desejo, e agora sou o rei!

 

O rei foi morto e o servo tornou-se rei para sempre.

 

Moral: Os servos (os medíocres) têm sua própria maneira trapaceira de se tornarem mestres.

 

Lembre-se de que por trás  de um exterior brando, ilegível,  fino, delicado, tranquilo podem estar sendo tramados todos os tipos  de ações violentas e prejudiciais, sem que sejam percebidas a tempo. Dizia-se que ninguém era capaz de ler o rosto de Franklin D. Roosevelt. O barão James Rothschild teve por hábito, durante toda a sua vida, disfarçar o que estava realmente pensando com sorrisos afáveis e olhares indefinidos. Stendhal escreveu a respeito de Talleyrand: "Jamais um rosto serviu tão pouco de barômetro". Henry Kissinger fazia seus adversários numa mesa de negociação chorarem de tédio, com seu tom de voz monótono, seu olhar inexpressivo, seus detalhamentos intermináveis e ai,  quando já estavam com o olhar esgazeado, ele os atingia de repente com uma relação de termos ousados.

 

A cortina de fumaça das falsas aparências pode ser praticada em vários níveis, todos jogando com os princípios psicológicos da distração, da desorientação e do preconceito. Por isso, uma das cortinas de fumaça mais perigosas é o 'gesto nobre'. As pessoas preferem acreditar que gestos aparentemente nobres são autênticos, porque é uma crença agradável e raramente notam como eles enganam.

 

Outra fraqueza psicológica que serve de base para se construir uma cortina de fumaça é a tendência que as pessoas têm de confundir aparência com realidade - a ideia de que se alguém parece fazer parte do seu grupo, é porque faz realmente. Este costume faz da fachada uma camuflagem muito eficaz. Durante a  Guerra Fria das décadas de 1950 e 1960, como hoje se sabe, muitos funcionários públicos britânicos passaram informações secretas para os soviéticos. Ninguém descobriu nada durante anos porque eles eram, aparentemente, sujeitos honestos, tinham frequentado boas escolas e se adequavam perfeitamente ao modelo da rede de ex-alunos de escolas de prestígio.

 

Vejam na história  Etíope  a cortina de fumaça da ilusória  subserviência de  Ras Tafari:

 

Entre 1920 e 1930, os poderosos senhores da guerra na Etiópia começaram a perceber tardiamente que um jovem 'nobre', chamado HAILE SELASSIE, também conhecido como RAS TAFARI, estava vencendo todos eles e prestes a poder se proclamar seu líder, unificando o país pela 1ª vez em muitas décadas.

 

A maioria dos seus rivais era incapaz de compreender como este homem fino, tranquilo e delicado tinha conseguido assumir o controle . Em 1927, Selassie conseguiu convocar os comandantes dos ex´rcitos, um de cada vez, para ir a Adis Abeba jurar fidelidade e reconhecê-lo como líder. Como sempre ocorre, muitos se apressaram, outros hesitaram e só um , DEJAZMAC BALCHA, de Sidamo, ousou desafiar Selassie totalmente. Homem tempestuoso, BALCHA era um grande guerreiro e considerava o novo líder fraco e indigno. De propósito, ele se manteve longe da capital. Finalmente, Selassie, de maneira gentil, ordenou que  BALCHA se apresentasse. O comandante resolveu obedecer, mas preparou-se para virar a mesa desse pretendente ao trono etíope; seguiu para Adis Abeba no seu próprio ritmo com um exército de 10 mil homens, força suficiente para se defender, talvez até para iniciar uma guerra civil. Estacionou sua formidável tropa num vale a cerca de cinco quilômetros da capital, ele esperou, como faria um Rei. Selassie teria que ir até ele.

 

Selassie enviou emissários, convidando Balcha para um banquete em sua homenagem. Mas Balcha sabia que antigos Reis tinham usado a cortina de fumaça do banquete como armadilha para , uma vez o convidado  bêbado, este seria preso e morto.  Forçado a comparecer, levou a sua guarda pessoal de  600 de seus melhores soldados, armados e prontos para defender, a ele e a si próprios. Para surpresa de Balcha, Selassie respondeu com toda a cortesia dizendo que era uma honra recepcionar tais guerreiros. No palácio, Selassie foi gentilíssimo. Tratou Balcha com respeito como se precisasse desesperadamente da sua aprovação e cooperação. Mas Balcha se recusou a ser seduzido e avisou Selassie que  se ele não voltasse ao  acampamento ao anoitecer, seu exército tinha ordens para atacar a capital. Selassie reagiu como se tivesse ficado magoado com a desconfiança. Durante a refeição, na hora das canções tradicionais em homenagem aos líderes etíopes, ele fez questão de que cantassem apenas as que homenageavam o general de Sidamo. A Balcha pareceu que Selassie estava com medo, intimidado por este grande guerreiro a quem ninguém conseguia enganar e acreditou que ele daria as cartas no futuro.

 

Ao fim da tarde, Balcha e seus soldados começaram a marcha de volta ao acampamento, em meio a aplausos e salvas de artilharias. Olhando por sobre o ombro para a capital, ele planejou a sua estrat´gia de como os seus marchariam pelas ruas da capital em triunfo dentro de semanas e colocaria Selassie em seu devido lugar, a prisão  ou o cadafalso.  Entretanto, quando ia se aproximando do acampamento, Balcha percebeu que havia algo de muito errado por ali. Onde antes se erguiam tendas coloridas a perder de vista, agora não havia nada, apenas a fumaça de fogueiras extintas. Que magia infernal era essa?

 

Uma testemunha contou o que tinha acontecido. Durante o banquete, um grande exército, comandado por um aliado de Selassie, tinha entrado no acampamento de Balcha por uma estrada secundária que ele não  conhecia. Este exército não viera para lutar: sabendo que o general escutaria os ruídos de uma batalha e voltaria correndo com os 600 homens da sua guarda pessoal, Selassie armou as suas próprias tropas com cestos de ouro e dinheiro. Elas cercaram o exército de Balcha decididas a comprar até a última das suas armas. Quem se recusasse era facilmente intimidado. Em poucas horas, toda a força de Balcha estava desarmada e espalhando-se por todas as direções.

 

Percebendo que estava em perigo, Balcha resolveu marchar para o Sul com seus 600 soldados, para se reorganizar, mas o mesmo exército que desarmara seus soldados tinha bloqueado o caminho. A outra saída era marchar para a capital, mas Selassie tinha armado um grande exército para defendê-la.  Bem, o final o leitor pode facilmente imaginar....

 

Durante todo o longo reinado de Selassie, ninguém conseguiu entendê-lo. os etíopes gostam de seus líderes violentos, mas Selassie, que vestia a fachada de um homem gentil, amante da paz, durou mais do que qualquer outro. Jamais zangado ou impaciente, ele atraía suas vítimas com sorrisos amáveis, seduzindo-os com charme e subserviência antes de atacar.

 


MORAL DA HISTÓRIA:

 

A cortina de fumaça montada permitiu que o 'gentil' Selassie destruísse totalmente o seu inimigo, sem disparar uma só bala.

 

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Não subestime o poder de Ras Tafari.

 

Ele se rasteja furtivamente como um rato, mas tem mandíbulas de leão.

 

As últimas palavras de Balcha

 

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A ovelha não saqueia, não engana, é magnificamente tola e dócil. 

 

Com a pele de ovelha nas costas, a raposa entra no galinheiro.

 

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Já ouviu falar de algum  general muito hábil que pretendesse surpreender uma cidadela anunciando seus planos ao inimigo? Oculte os seus propósitos e esconda o seu progresso; não revele a extensão dos seus objetivos até ser impossível se opor a eles, até terminar o combate. Conquiste a vitória antes de declarar a guerra. Em resumo, cuidado com aqueles guerreiros cujas intenções ninguém sabe, exceto o país destruído por onde eles passaram.

 

Ninon de Lenclos, 1623 - 1706

 

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Um tolo silencioso se passa por um sábio; 

 

um ladrão rico se  passa por um cavalheiro

 

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[...] Há poucos dias, na corte de que falo, apareceu um camponês da região de Bergamo a fim de trabalhar para um fidalgo cortesão, o qual foi vestido com librés tão boas e arrumado com tanta elegância que, embora só estivesse acostumado a cuidar de bois e não soubesse fazer mais nada, quem não o ouvisse falar poderia toma-lo por um galante cavaleiro [...]

 

Segmento de texto extraído do livro “O Cortesão” do autor Baldessare Castiglione, 1478 – 1529

 

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Águas calmas e rasas também escondem tubarões

 

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Não se deve ser direto demais. Veja a floresta.  

 

As árvores retas são cortadas, as retorcidas permanecem de pé.

 

Kautilya, filósofo hindu, século 3 a.C

 

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É sensato ser polido; por conseguinte, é idiotice ser rude. 

 

Criar inimigos com a falta desnecessária e proposital de civilidade é insensatez tão grande quanto tocar fogo na própria casa. 

 

Porque a polidez é como uma moeda reconhecidamente falsa, e com a qual é tolice agir com avareza.

 

O homem de bom senso será generoso ao usá-la... 

 

A cera, substância naturalmente dura e quebradiça, pode se tornar macia aplicando-se um pouco de calor , adquirindo a forma que mais lhe agradar.

 

Da mesma maneira, sendo polido e gentil, você pode tornar as pessoas dóceis e servis, mesmo que tendam a ser rabugentas e malevolentes.

 

Portanto, a polidez é para a natureza humana o que o calor é para a cera.

 

Arthur  Schopenhauer, 1788 - 1860

 

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O ESCUDO DE PERSEU

 

polido até ficar como um espelho, a medusa não vê você, só o reflexo dela, horrendo. 

Encondido atrás de um espelho você engana, ridiculariza e enfurece. 

De um só golpe você corta a cabeça da Medusa desatenta.

 

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O PÁSSARO  INDIANO

 

Um mercador tinha um pássaro dentro de uma gaiola. Como ele estava indo para a Índia, terra de onde viera o pássaro, perguntou-lhe se queria alguma coisa de lá. A ave pediu a sua liberdade, que lhe foi recusada. Então ela pediu ao mercador que fosse visitar uma floresta na Índia e anunciasse a sua prisão aos pássaros livres que ali viviam.

 

 O mercador foi, e mal começou a falar quando uma ave selvagem, parecida com a sua, caiu de uma árvore, desacordada.  O mercador  achou que ela devia ser parente do seu pássaro e ficou triste por ter provocado a sua morte. Chegando a casa, o pássaro lhe perguntou se trazia boas notícias da Índia. "Não", disse o mercador, "temo trazer más notícias." Um dos seus parentes desmaiou e caiu aos meus pés quando mencionei o seu cativeiro."

 

Mal essas palavras foram pronunciadas, o pássaro do mercador desmaiou e caiu no fundo da gaiola. "A notícia da morte do  seu parente o matou também", pensou o mercador.  Pesaroso, ele pegou o pássaro e o colocou sobre o peitoril da janela.  Imediatamente o animalzinho recobrou os sentidos e voou para uma árvore próxima. "Agora você já sabe", disse ele, "que aquilo que você pensou que fosse um desastre, para mim foi uma boa notícia. E a mensagem, a sugestão de como me comportar para me ver livre dessa gaiola, me foi transmitida por seu intermédio, meu captor."  E saiu voando, livre finalmente.

 

TALES OF THE DERVISHES, IDRIES SHAH, 1967

 

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O  LEÃO, A CAMURÇA E A RAPOSA

 

Um leão perseguia uma camurça num vale. Estava prestes a agarrá-la, e com olhos cúpidos previa um garantido e satisfatório repasto. Parecia impossível à vitima escapar, uma ravina profunda barrava o caminho tanto do caçador quanto da caça. Mas a ágil camurça, reunindo todas as suas forças, lançou-se como uma flecha sobre o abismo e parou do outro lado sobre uma pedra.

 

O leão deteve-se abruptamente. Mas naquele momento um grande amigo dele passava por ali. Esse grande amigo era a raposa. “O que!”, ela disse, “com a sua força e agilidade, você vai perder para uma fraca camurça? Basta  querer, e será capaz de fazer maravilhas. Embora o abismo seja profundo, se você quiser mesmo, tenho certeza de que o vencerá. Sem dúvida você pode confiar na minha amizade desinteressada. Eu não exporia a sua vida a tanto risco se não conhecesse tão bem a sua força e destreza.

 

O sangue do leão ferveu nas veias. Ele se atirou com toda a força ao espaço. Mas não conseguiu vencer o abismo e caiu de cabeça, morrendo na queda. Então, o que fez o seu grande e querido amigo?  Desceu cautelosamente até o  fundo da ravina, e lá, ao ar livre e no espaço aberto, vendo que o leão não precisava mais de elogios nem de obediência, se dispôs a prestar os últimos exéquias ao amigo morto e, de uma só vez, devorou-o até os ossos.

 

IVAN KRILOFF, 1768 – 1844

 

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NAS PEQUENAS COISAS

 

[...] Com o passar do tempo comecei a procurar as pequenas fraquezas.... São as pequenas coisas que importam. Certa ocasião, eu estava tentando influenciar o presidente de um grande banco de Omaha.  O negócio [fraude] envolvia  a compra de um sistema de trens urbanos de Omaha, incluindo uma ponte sobre o rio Mississippi .

 

Meus chefes eram supostamente alemães e eu tinha que negociar com Berlim. Enquanto aguardava notícia  deles eu apresentei a minha proposta de ações falsas de uma mina. Como este homem era rico, decidi arriscar alto...

 

Enquanto isso, eu jogava golfe com o  banqueiro, frequentava a sua casa, ia ao teatro com ele e a esposa. Embora ele mostrasse algum interesse4 pelas minhas ações, ainda não estava convencido. Tinha que ir subindo até chegar a um investimento de um milhão e duzentos e cinquenta mil dólares. Desse total, eu colocaria novecentos mil, o banqueiro trezentos e cinquenta mil. Mas ele continuava hesitante.

 

Uma noite eu jantava na sua casa e estava com um perfume – “April Violets”, da Coty. Na época não se considerava coisa de efeminado usar perfumes fortes. A esposa do banqueiro adorou. “Onde o conseguiu?” “É uma marca rara”, eu lhe disse, “feita especialmente para mim por um perfumista francês. Gostou?” “Adorei”, respondeu. No dia seguinte, fiz uma busca nos meus pertences e encontrei dois frascos vazios. Ambos tinham vindo da França, mas estavam vazios. Fui até a loja de departamentos no centro da cidade e comprei um litro de “April Violets” da Coty.  Coloquei  dentro dos dois frascos   franceses, selei-os cuidadosamente e os embrulhei em papel de seda. Naquela noite, fui até a casa do banqueiro e os dei de presente a sua mulher. “Foram feitas especialmente para mim em Colônia”, eu lhe disse.

 

No dia seguinte o banqueiro  me procurou no hotel. Sua esposa estava encantada com o perfume. Ela achava que nunca tinha usado uma fragrância tão maravilhosa e exótica. Eu não disse ao banqueiro que poderia comprar quanto quisesse ali mesmo em Omaha. “Ela falou,acrescentou o banqueiro, “que eu tinha sorte de estar associado com um homem como você.”

 

Desde aí a atitude dele mudou, ele acreditava plenamente no julgamento da sua mulher... E entregou os trezentos e cinquenta mil dólares. Esta, por acaso, foi a minha fraude mais valiosa.

 

“YELLOW KID” WEIL, 1875 – 1976”

 

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SOBRE  A   BAJULAÇÃO

 

Idiotas em geral gostam de ser bajulados, é inegável. Todo indivíduo que se considera um ser pensante, porém, recusa todas as formas de bajulação, como um insulto a sua inteligência. Quem bajula com certeza quer obter um favor ou alguma coisa que o bajulado possui. O elogio barato é uma espécie de droga que prejudica o raciocínio, o que dá a quem o faz uma vantagem temporária - até que o efeito passe e a vítima desperte, com o coração cheio de ressentimento.

 

A bajulação não passa de um truque psicológico vulgar que charlatães e desonestos utilizam para levar os outros a um estado de relaxamento, de que se aproveitam para tirar deles alguma coisa. A bajulação é uma das principais ferramentas de todo vigarista. Por meio dela, espiões perigosos ardilosamente conquistam a confiança de autoridades para arrancar-lhes informações.

 

Mulheres interesseiras e de moral duvidosa empregam a bajulação para quebrar a resistência de homens que não respondem ao simples apelo sexual.  Quem se deixa influenciar pela bajulação perde a batalha antes de lutar. De modo geral, os executivos gostam de cercar-se de funcionários que sempre concordem com eles, mas com uma equipe de contestadores estariam bem mais seguros !  O ego humano precisa de proteção, pois é enganador e responde prontamente a qualquer tipo de bajulação.

 

Um dos erros mais comuns é pedir o conselho de amigos, ainda que corretamente  conquistados e influenciados. A razão é que os amigos, por medo de ofender, muitas vezes preferem elogiar a falar francamente e, assim, emitem opiniões que podem levar a decisões equivocadas.

 

Os verdadeiros lideres do mundo dos negócios não dependem de elogios para obter resultados. Eles possuem uma fórmula melhor.  Andrew Carnegie, "o rei do aço", não adulou Charles M.Schwab ao nomeá-lo presidente de sua empresa.  Para obter resultados mais confiáveis, pagou ao senhor Schwab 1 milhão de dólares por ano. Assim, pôde contar com seu cérebro, sua presença e sua lealdade!  Até onde avançaria uma força militar se os subordinados  fossem movidos à bajulação?

 

É verdade que os casos dos "joujous" da vida não são poucos, mas se você quer um sucesso duradouro na vida especialmente na vida empresarial particular descubra o tipo de serviço útil que pode oferecer ao público mais numeroso possível. Torne-se importante, e não vai precisar da bajulação para fazer amigos e influenciar pessoas.

 

O indivíduo afável leva grande vantagem, mas de nada adianta utilizar-se de falsos elogios e falsa impressão de cordialidade. Uma personalidade agradável é um bem valiosíssimo mas não se constrói por meio de palavras doces ou de elogios fáceis, pois no longo prazo esse recurso tão indigno e vulgar sempre são desmascarados.

 

leia também o texto:  DO PODER  DO CHARLATÃO

 

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[...] Embora existam muitos que têm plena consciência de praticar o mal e continuam a fazê-lo; e isso porque apreciam mais o prazer que sentem do que o castigo que receiam poder receber algum dia; como os ladrões, os homicidas e assemelhados, se o bem e o mal fossem sempre bem conhecidos e entendidos, a maioria escolheria sempre o bem e evitaria o mal. Por isso, a virtude pode ser considerada quase sempre uma prudência, um saber, uma escolha do bem, e o vício, uma imprudência e uma ignorância que induz a julgar falsamente; porque comumente os homens  escolhem o mal por engano, por uma certa semelhança com o bem.  O verdadeiro prazer é sempre bom e a verdadeira dor, má; Comumente se engana tomando o falso prazer pelo verdadeiro e a verdadeira dor pela falsa, em consequência, muitas vezes, pelos falsos prazeres incorrem nos verdadeiros desprazeres. Assim, aquela arte que ensina a discernir essa verdade do falso também pode ser aprendida; e a virtude, através da qual escolhemos aquilo que é de fato bom, não aquilo que falsamente parece que o é, se pode chamar de verdadeira ciência e é mais favorável à vida humana que qualquer outra, porque elimina a ignorância, da qual, conforme disse, nascem todos os males.

 

Do livro “O Cortesão”, do autor Baldessare Castiglione, 1478 – 1529, com adaptações

 

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Texto compilado extraído de livro dos autores Robert Greene e Joost Elffers